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Quero construir 1 milhão de casas populares até 2010, diz Lula

Presidente diz também que o pacote para setor de construção civil pode ser reapresentado ao governo até 6 ª

Por Tania Monteiro
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva  informou que quer ampliar o número de novas moradias populares. Segundo ele, num primeiro momento, o governo queria construir 200 mil casas. Mas, em seguida, esse número subiu para 500 mil. "Mas, eu quero um milhão de casas até 2010", disse Lula, acrescentando que isso seria para reativar a construção civil, dar emprego para mão de obra menos qualificada. "Isso que vai dinamizar a economia", disse. Na semana passada, em inauguração de obra em favela do Rio, o presidente já havia adiantado que o governo anunciaria em breve um programa   para a construção de 500 mil casas populares. A meta faz parte do núcleo do pacote de estímulo à construção civil, que pode ser reapresentado até o fim da semana. "Não gostei do que foi apresentado. Pedi para refazer alguns estudos e ele pode ser reapresentado a mim até sexta-feira", disse Lula. O presidente disse que quer uma proposta que gere mais emprego, venda casa mais barata, atendendo, principalmente, a população mais carente. Segundo ele, o que o desagradou na versão apresentada anteriormente é que tinha "muito penduricalho", e algumas questões relacionadas a juros, "que temos que tirar". O governo já havia anunciado a meta e garantiu que haveria  também medidas para a classe média, como a correção do teto do valor do imóvel a ser adquirido pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) dos atuais R$ 350 mil para R$ 500 mil. O Planalto aposta suas fichas na construção civil por ser um setor que emprega muito e acolhe trabalhadores com pouca qualificação. O público preferencial do pacote são as famílias com renda mensal até cinco salários mínimos (R$ 2.075,00). Segundo dados do Ministério das Cidades, o déficit habitacional do País é de 7,2 milhões de moradias, e 54% desse montante está concentrado nas famílias com renda entre R$ 600 e R$ 1,6 mil . É também esse grupo que responderá por 47% da demanda por imóveis nos próximos 15 anos. Lula afirmou ainda que o caminho para conter o desemprego é negociação das empresas com o sindicato, mas descartou intervenção: governo só entrará na conversa se empresas e sindicatos pedirem. O presidente disse que não é momento de nenhum setor se precipitar, reduzindo postos de trabalho. Ele lembrou que, em janeiro, por exemplo, os carros tiveram boas vendas. Mas, destacou, o problema do crédito ainda não está resolvido e que o governo está tomando providências com relação a isso. Ainda sobre a recuperação das vendas de carros, Lula disse: "Mas, é claro que a indústria automobilística não vai continuar crescendo 25% ao ano. Não há rua para colocar tanto carro. Mas, ela vai continuar crescendo", disse o presidente. "Vamos continuar conversando com todos os setores porque eu tenho esperança de que a economia vai dar um salto e vai se recuperar", acrescentou. Pacote de Obama O presidente afirmou que não tem o direito de ficar frustrado com o pacote do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Segundo ele, o importante é que o pacote dos EUA tem duas partes: salvar o sistema financeiro e o setor produtivo. E quem está reclamando das medidas, observou Lula, é exatamente o setor financeiro. "Tenho muita esperança que o Obama possa resolver os problemas dos Estados Unidos junto com o Congresso. Sou muito solidário a ele e tenho rezado mais pelo Obama que por mim mesmo porque os Estados Unidos têm uma situação gravíssima e Obama é a esperança de resolver esses problemas", disse Lula, após almoço de recepção ao presidente da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, no Itamaraty. O presidente avaliou também que, se as medidas anunciadas por Obama conseguirem parar a crise, "já está de bom tamanho", pois só assim será possível retomar o crescimento. "Estou convencido de que o Obama vai dar conta do recado", completou. Lula voltou a criticar medidas protecionistas que veem sendo adotadas para enfrentar a crise financeira internacional. Segundo ele, é um equívoco as pessoas quererem voltar a praticar o protecionismo de antes. "Se continuar a ter protecionismo, a crise só tende a se agravar", disse. Segundo avaliação do presidente, o protecionismo só vai atrapalhar a economia a voltar a crescer. "Os países ricos passaram os últimos 30 anos pregando o livre comércio. O peixe morre pela boca. Eu quero que esses países cumpram o que sempre defenderam", disse. Questionado se pretende tratar dessa questão diretamente com Obama, Lula disse que ainda não sabe se encontrará o presidente norte americano por ocasião de sua viagem a Nova York, para participar de um debate sobre biocombustíveis. O evento acontece em março. Texto atualizado às 17 horas

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