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Quinto mercado, Brasil é disputado por gigantes

Até o fim do ano, País atingirá a densidade de mais de um celular por habitante, com 200 milhões de linhas móveis

Por Naiana Oscar , Jamil Chade , GENEBRA e SÃO PAULO
Atualização:

Antes do fim deste ano, o Brasil assumirá o posto de país emergente com a maior concentração de celulares por habitante. O território brasileiro, assim como o de países desenvolvidos, abrigará pela primeira vez mais aparelhos do que gente. O mercado de TV por assinatura deve dobrar em quatro anos. E, para completar esse cenário, menos de 150 cidades brasileiras contam com serviço de internet a cabo. É um mundo de possibilidades - e crescimento - a ser explorado pelos grandes grupos de telecomunicação. Isso ajuda a explicar por que o Brasil se tornou tão desejado e passou a ser disputado pelas gigantes do setor. Tanto que, na semana passada, a participação de 30% que a Portugal Telecom detinha na Vivo foi vendida para a Telefónica por um valor que supera os 7,3 bilhões faturados pela companhia portuguesa no ano passado. O negócio só foi fechado porque a PT garantiu sua permanência no Brasil, comprando parte da brasileira Oi. "Ninguém quer ficar de fora do quinto maior mercado mundial de telecomunicações", diz Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações. "Com uma demanda de banda larga ainda não plenamente atendida e uma situação econômica atrativa para os investidores o Brasil é mesmo a bola da vez." Existe ainda a expectativa de que o Projeto de Lei 29 seja aprovado no Congresso ainda este ano, e acabe com as restrições à participação de capital estrangeiro na TV a cabo. Desde 2004, a telefonia celular no País vem crescendo a uma taxa média de 26% por ano - só não foi mais agressiva do que a expansão nos Estados Unidos, China, Índia, Indonésia e Rússia, segundo levantamento da União Internacional de Telecomunicações (UIT). Até o fim de 2010, serão 200 milhões de celulares contra 65 milhões de seis anos atrás - abaixo de França e Alemanha. Agora, o Brasil só fica atrás de China, Índia, EUA e Rússia. "Nos países da Europa, o crescimento daqui para frente será de zero, enquanto o Brasil promete taxas de crescimento altíssimas", diz Amos Genish, presidente da GVT. O mercado europeu deixou de ser atrativo porque, além de estar saturado, apresenta rentabilidades mais baixas por causa da concorrência. "Lá, com 30, é possível contratar TV por assinatura, telefone fixo ilimitado e internet com 20 mega de velocidade", disse. "Olhar outros mercados virou uma necessidade."Controle. A GVT passou a ser controlada pela francesa Vivendi no ano passado. Hoje, a receita da tele brasileira corresponde a 3% do faturamento do grupo. Mas, em quatro anos, com investimentos em TV por assinatura e banda larga, o País, com a GVT, deve se tornar o segundo maior mercado do grupo. Para a Telefónica, o Brasil já é o mercado mais importante em celulares, por exemplo. Os 55,9 milhões de clientes no País representam mais que o dobro da base de telefonia móvel na Espanha. Em 2009, com os 30% que detinha na Vivo, a empresa brasileira era responsável por 14,8% do faturamento da companhia espanhola, terceira maior tele do mundo. Com o controle da Vivo, a Telefônica Brasil deve aumentar sua receita anual de R$ 23,2 bilhões para R$ 31,4 bilhões, passando a responder por 19,1% do faturamento. A Vivo já representava metade da receita da PT. Outra gigante que nos últimos anos tem se voltado para o mercado brasileiro, e dependido cada vez mais dele, é a Telecom Italia. Em 2004, a operação da TIM Brasil era responsável por 6% da receita do grupo, e agora corresponde a 21%. Enquanto a receita líquida do grupo caiu 33% em seis anos, a receita da TIM Brasil cresceu 108%.

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