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Racionamento: cidades quentes têm alívio na cota

As novas regras divulgadas pela GCE ontem trazem alívio para as cidades de clima quente. Porém, o consumidor ainda terá que reduzir o consumo de energia, o que significa menos ar condicionado, ventilador e chuveiro no verão deste ano.

Por Agencia Estado
Atualização:

A Câmara de Gestão da Crise de Energia (GCE) anunciou ontem que os consumidores residenciais e comerciais das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste poderão optar entre duas formas de cálculo para meta de consumo de energia. Uma delas já havia sido anunciada na semana passada e estabelece que na região Sudeste a meta cai de 20% para 12% sobre a mesma base calculada para a meta anterior; na região Nordeste, de 20% para 17%; e na região Norte, de 20% para 5%. Nas cidades turísticas, a redução da meta é de 20% para 7% na região Sudeste e de 20% para 12% na região Nordeste (veja mais informações no link abaixo). A alteração introduzida a partir de agora pela GCE é que a base para o cálculo da meta será formada pelos meses de dezembro de 2000, janeiro e fevereiro de 2001, ou seja, meses referentes ao verão, em que o consumo costuma ser maior. Mas, nestes casos, a meta de redução do consumo será de 20%. Será aplicada automaticamente a fórmula que resulte em maior gasto de energia para o consumidor e a nova meta será informada na conta de luz do mês de janeiro. De acordo com o coordenador do Programa de Planejamento Energético da Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maurício Tolmasquim, esta mudança melhora a situação das cidades em que o clima é muito quente - onde o consumo de energia costuma ser maior no verão devido ao uso mais freqüente de ar condicionado. "Mas ainda vai exigir esforço por parte dos consumidores", explica. Tolmasquim cita como exemplo o Rio de Janeiro. "Nos meses de verão, o consumo de energia elétrica no Rio apresenta um aumento em torno de 30%", afirma. Ou seja, uma família que registra um consumo mensal de 300 kWh no inverno tem um aumento de 90 kWh no verão e o consumo total passa a ser de 390 kWh. Neste exemplo, usando como base os meses de inverno, em que a meta de redução de consumo é de 7%, o consumidor terá que reduzir o seu gasto em 21 kWh (7% de 300 kWh), o que significa que o consumo mensal pode ser de no máximo 279 kWh. Se a base para o cálculo for os meses de verão, em que o consumo é de 390 kWh e a meta de economia é de 20%, o consumidor terá que reduzir seu gasto em 78kWh, o que significa que poderá gastar até 312 kWh. Ou seja, o consumidor é beneficiado pela regra anunciada ontem - meta de 20% sobre os meses de verão. Mas, de qualquer forma, o consumidor nestas regiões terá que reduzir o seu gasto de energia, apesar do abrandamento das metas de racionamento. Neste exemplo citado pelo coordenador da UFRJ, a economia de 78 kWh que o consumidor terá que fazer em relação ao que ele gastou no ano passado significa 2,5 horas diárias com o ar condicionado ligado, três ventiladores ligados diariamente durante 13 horas ou 50 minutos diários de chuveiro elétrico na posição verão. Medidas não trazem mudanças para São Paulo As novas medidas anunciadas ontem (dia 4) pela GCE não devem trazer muitas vantagens para os moradores de cidades em que o consumo de energia no verão mantém-se praticamente estável em relação aos meses do período de inverno. Tolmasquim explica que isso acontece, por exemplo, em São Paulo. "A energia usada no chuveiro elétrico na posição inverno passa a ser usada com ar condicionado nos dias quentes do verão", afirma. Ou seja, com o consumo praticamente estável entre os meses de inverno e verão, a redução da meta para 7% tomando como base os meses de maio, junho e julho de 2001 proporcionará ao consumidor usar mais energia do que a opção de redução de consumo de 20% sobre os meses de dezembro de 2000 e janeiro e fevereiro de 2001. Para uma família com a média de consumo de 300 kWh, tanto para os meses de inverno quanto para os meses de verão, a meta de consumo de 7% permitirá o uso de 279 kWh. Com a nova regra determinada pela CGE ontem, o consumidor poderia usar apenas 240 kWh (20% a menos sobre o gasto de 300 kWh). Ou seja, a medida anterior, de 7% sobre a média de gasto nos meses de inverno, é mais vantajosa para o consumidor. Vale lembrar que o consumidor não terá que oficializar à distribuidora de energia qual é a sua opção. Automaticamente, na conta de luz do mês de janeiro, será indicada a nova meta, tomando como base o maior uso de energia possível. É importante destacar que esta nova meta é válida para os meses de dezembro de 2001, janeiro e fevereiro de 2002.

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