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Racionar gás não é a saída viável, diz Pinguelli

Para professor da Coppe/UFRJ e ex-presidente da Eletrobrás, solução[br]para a possível crise energética está no consumo com maior eficiência

Por Jacqueline Farid
Atualização:

A proposta de especialistas de racionar gás para a indústria, segundo reportagem publicada ontem pelo Estado, não é viável, na avaliação de Luiz Pinguelli Rosa, professor da Coppe/UFRJ e ex-presidente da Eletrobrás no primeiro mandato do governo Lula. Para ele, a solução para a crise está na racionalização energética, com maior eficiência do consumo. Pinguelli argumenta que o consumo industrial, que é o destino de 70% do gás no mercado secundário, fora das térmicas, é fundamental neste momento de estímulo ao crescimento econômico. No caso dos automóveis, ele acha viável uma compensação no preço da gasolina como alternativa ao gás para taxistas, por exemplo, mas acredita que não representaria grande economia do combustível, já que apenas 10% do consumo estão neste segmento. Para Pinguelli, a solução para a questão do gás virá no fim do primeiro semestre, com a oferta do Gás Natural Liqüefeito (GNL). Enquanto isso, ele acredita que um caminho viável seria a substituição de gás por óleo em algumas térmicas, mesmo que isso leve a alta nos preços. EFICIÊNCIA O professor avalia que a solução para garantir a continuidade do crescimento econômico em meio à possibilidade de crise energética a partir do fim de 2008 é a racionalização energética. "O racionamento desestimula o crescimento, mas a racionalização não", afirmou. Pinguelli não acredita em racionamento já neste ano, mas avalia que a situação poderá complicar dramaticamente no início de 2009 caso não sejam tomadas providências imediatas. A primeira delas, segundo ele já sugerida ao governo em outubro do ano passado, é reduzir o desperdício no consumo de energia elétrica. Segundo ele, a racionalização pode levar a uma "economia geral de energia" de ao menos 10% a 15%, ou seja, o equivalente ao aumento de consumo no País previsto para os próximos dois ou três anos. Para o professor da Coppe, o governo precisa estimular, com cortes de impostos e parcerias com distribuidoras, a compra de equipamentos eficientes de energia por parte dos consumidores. Segundo ele, a medida é simples, mas exige definição rápida. Como exemplo, ele cita que geladeiras de alto consumo energético ainda estão sendo adquiridas no varejo por causa do preço convidativo. "É preciso uma política para estimular a compra dos produtos mais eficientes, com barateamento de preços, por exemplo, via redução de impostos." Pinguelli também citou as lâmpadas incandescentes, que consomem mais energia, mas são mais baratas do que as lâmpadas frias, muito usadas no racionamento de 2001 e já descartadas por muitas residências. Ele sugere que o governo convença as companhias elétricas a estimular a troca dessas lâmpadas, com incentivo nas contas de luz. "São medidas simples, que representam uma mudança técnica, mais do que cultural", afirmou.

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