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Rating melhor depende do futuro político

Diretores de agências que medem o risco dos papéis da dívida externa de mercados emergentes não dão como certa a melhora da classificação do Brasil devido ao futuro presidencial do País. As "ameaças" são Lula e Ciro.

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois diretores da Standard & Poor´s para Risco Soberano, David Beers e John Chambers, indicaram ontem que a promoção da classificação do Brasil não é inevitável e dependerá de quem entrará no poder nas próximas eleições. Os diretores deixaram claro que uma das razões da demora numa reclassificação, esperada desde o início do ano quando a empresa anunciou uma revisão positiva dos papéis da dívida pública externa do País, é a posição de liderança que dois candidatos potenciais da oposição à presidência "com posições muito heterodoxas de política econômica - Luis Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes - ocupam nas pesquisas de opinião". "Para uma promoção da classificação, você tem de determinar que eles não ganharão, ou que suas políticas convergirão para uma linha mais ortodoxa", disse Chambers. Prova dessa linha de pensamento dos candidatos de oposição ocorreu no mês passado quando os partidos da oposição rejeitaram um pacto político de responsabilidade fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, para neutralizar as incertezas que as eleições podem produzir entre os investidores sobre a continuidade da disciplina orçamentária. Segundo Beers, "a classificação do risco segue um método específico que mede a disposição e capacidade do governo de pagar suas dívidas em relação a todos os demais (devedores)". O que a S&P está olhando "acima de tudo no caso brasileiro é a capacidade do atual governo e do governo que se seguirá de manter o Brasil num caminho fiscal responsável e sustentável". Em meses recentes, tanto a S&P quanto a Moody´s anunciaram que estão reexaminando os papéis brasileiros para uma reclassificação. Beers disse que a S&P reconheceu os progressos fiscais e os outros esforços que o País fez para reconquistar a confiança dos investidores, depois da crise financeira no início do ano passado, ao mudar o sinal de sua avaliação sobre o País para positivo, em fevereiro. Ele evitou prever quando sua empresa poderá anunciar uma reclassificação do risco Brasil. Efeitos A classificação do risco de crédito da dívida externa afeta não apenas o custo de captação de capital externo, mas também a taxa de juros interna. A melhora da posição dos papéis da dívida externa brasileira emitidos pelo governo, atualmente situados quatro faixas abaixo do chamado "investment grade", é condicionada pela "história das finanças públicas no Brasil " e pelas dúvidas que persistem sobre "a capacidade do País de manter um esforço de disciplina fiscal, mesmo nos melhores tempos".

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