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Razões para desconfiar da nova potência chinesa do e-commerce

ANÁLISE: William Pesek

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Por Redação
Atualização:

Jack Ma não exagera quando promove seu negócio de comércio eletrônico, o Alibaba, como uma "empresa que vende tudo". A gigante tecnológica, cujo capital será aberto hoje com uma das maiores ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) da história, tem tantos tentáculos que pode estrangular concorrentes de pequeno e médio porte. Os reguladores chineses, que recentemente enquadraram empresas como Microsoft e Toyota, devem estar de olho no colosso local.

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Mas o Partido Comunista chinês adora uma história de sucesso. E a de Ma já fez com que investidores esquecessem Mark Zuckerberg (fundador do Facebook) e se voltassem ao "Steve Jobs chinês". Essa mudança de foco ilustra a magnitude da Alibaba. Ma construiu seu quase monopólio porque o regime permitiu. O empresário elenca as prioridades do Alibaba como "clientes em primeiro lugar, funcionários em segundo, investidores em terceiro", mas é inevitável pensar em seus benfeitores, que deveriam encabeçar a lista.

Eis minha pergunta para todos os fundos que investiram no Alibaba: como podem confiar nas promessas de Ma? Os investidores aceitariam não apenas a estrutura pouco usual do Alibaba, mas também os limites impostos pela China para o capital estrangeiro. Render-se aos caprichos de um governo que poderia cair sobre Ma é um dos fatores pelos quais eu não colocaria dinheiro na gigante chinesa.

Outra preocupação é a instabilidade chinesa. Para mim, a China é como uma bolha, assim como eram as empresas pontocom nos anos 90. O Alibaba oferece aos investidores a classe média chinesa. Com uma ação, é possível acessar vendas no varejo, de entretenimento e viagens.

Mas o IPO da Alibaba pode representar o pico de crescimento da China. A promessa do presidente Xi Jinping de deslocar a economia chinesa das exportações para os serviços acarretará uma expansão mais lenta. No momento, Xi luta para atingir a meta de 7,5% de crescimento em 2014.

A promessa do Alibaba se apoia na ideia de que milhões de chineses passarão a consumir como americanos. Mas esse cenário depende de fatores como o controle da corrupção, que concentra a riqueza nas mãos da elite. Requer ainda forte desenvolvimento dos serviços, que deverá proporcionar bons postos de trabalho.

/ Tradução de Livia Almendary

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* Jornalista da Bloomberg News

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