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Reação do mercado foi exagerada, afirma diretor do BC

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse hoje, durante teleconferência promovida pelo Deutsche Bank, que houve exagero na percepção dos investidores em relação ao mercado brasileiro. Na sua apresentação, Goldfajn informou que as reservas líquidas internacionais do Brasil estão por volta de US$ 28,6 bilhões, enquanto as reservas brutas estão entre US$ 32 bilhões e US$ 33 bilhões. "Se subtrairmos os US$ 15 bilhões do piso de reservas fixado com o FMI, ficamos com cerca de US$ 13,6 bilhões para fazermos manobras aqui. É claro que sempre podemos conseguir mais dinheiro, via mercados ou por outras fontes", afirmou Goldfajn, citando ainda o empréstimo de US$ 1,1 bilhão do Banco Mundial que vai ajudar a aumentar as reservas líquidas. O diretor do BC disse que o governo poderá sacar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) assim que a diretoria do Fundo aprovar os números de desempenho do Brasil em março. Goldfajn disse que o BC se reservará o direito de intervir no mercado de câmbio toda vez que observar um exagero no "overshooting" do câmbio ou quando o mercado não apresentar liquidez. Ele aproveitou para confirmar mais uma vez a intervenção do BC na sexta-feira, vendendo uma "pequena quantia". Em termos da gerenciamento da dívida interna, Goldfajn disse que o BC continuará fazendo o que começou há duas semanas: reduzir a maturidade. "O mercado está menos confortável hoje do que estava há três semanas com relação ao alongamento da maturidade da dívida que o BC vinha fazendo nos últimos cinco anos. Não vamos brigar com o mercado. Quando as coisas se acalmarem, talvez poderemos voltar a alongar a dívida. Talvez isso somente seja possível no próximo ano", declarou o diretor do BC. Inflação Falando sobre a inflação de maio, Goldfajn disse o número foi "bastante benigno", especialmente em termos de preços de mercado. "Nós tivemos uma deflação nos preços de mercado. Contudo, parte dessa deflação deriva de preços de alimentos e de outros itens, mas (a deflação) poderá ser revertida parcialmente no próximo mês ou em dois meses." Ele não quis se estender no tema em razão da proximidade da reunião do Copom, nesta semana. Indagado se o BC poderia alterar a meta de inflação se houver novos choques na economia, Goldfajn disse que a meta para este ano é a mesma. Sobre fluxo de capitais, Goldfajn disse que, se for repetido nos próximos meses o resultado de fluxo de investimentos estrangeiros diretos (FDI, na sigla em inglês) de US$ 1,4 bilhão registrado em maio, será possível atingir a projeção de US$ 18 bilhões de FDI para este ano. Goldfajn não acredita que a forte volatilidade e a turbulência observadas no mercado brasileiro nas últimas semanas afetem o fluxo de FDI no curto prazo. "O fluxo de FDI tende a olhar para a perspectiva da economia brasileira num horizonte de longo prazo. Então, não vejo o fluxo de FDI reagindo a essa turbulência", disse Goldfajn. "Mesmo assim, nos primeiros quatro meses houve um fluxo de US$ 6,7 bilhões de FDI. Então, nos próximos meses, é possível atingir a nossa projeção com um fluxo menor do que US$ 1,5 bilhão por mês."

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