22 de outubro de 2010 | 00h00
A onipotência sobre o Parlamento, porém, está cobrando um preço alto a Sarkozy: a revolta das ruas. A certeza entre trabalhadores e estudantes é de que os parlamentares não impedirão o presidente de aumentar a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos, nem de prorrogar a idade de pensão integral de 65 para 67 anos. Daí a adesão de sindicatos e funcionários públicos, mas também de estudantes secundaristas e universitários, aos protestos. Nas passeatas de Paris, um dos discursos mais recorrentes diz que só as ruas - ou nem elas - podem segurar Sarkozy.
Até o fim de outubro, Sarkozy deve obter todos os avais necessários para implantar sua política previdenciária. Mas isso não significará uma vitória. Cientistas políticos, institutos de pesquisas e, sobretudo, as ruas, mostram a saturação da opinião pública com a política de "firmeza" do presidente francês.
O que está em curso é a doutrinação de uma nova geração de manifestantes, que em 18 meses serão eleitores. Como seus pais, os jovens de 16 e 17 anos formam-se segundo uma lógica bem particular da França: a de que a rua, e não o Parlamento, é o espaço de exercício da cidadania e o verdadeiro contrapeso ao Executivo. E, no que depender deles, os dias de Sarkozy no poder estão contados.
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