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Receita do setor de serviços tem menor avanço em quase 3 anos

Expansão em novembro ante o mesmo mês de 2013 foi de 3,7%, mas setor fala em queda real de 4,7%, após o desconto da inflação, e vê deterioração do segmento; preços altos reduziram o consumo

Por Daniela Amorim  e Mário Braga
Atualização:

Atualizado às 10h15

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A receita bruta nominal do setor de serviços subiu 3,7% em novembro de 2014, ante igual mês de 2013, informou nesta quinta-feira, 22, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Foi o menor resultado da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços, que teve início em janeiro de 2012. A receita bruta do setor acumula alta de 6,2% no ano e elevação de 6,4% em 12 meses.

Apesar de ter registrado alta na receita bruta em novembro de 2014 na comparação com igual mês de 2013, em termos nominais, o setor de serviços teve resultado negativo quando considerada a inflação, segundo porta-voz do setor. 

"Quando deflacionamos o dado e consideramos a inflação anual na casa de 8,4%, percebemos que a receita real de serviços caiu 4,7% no período", explica o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes.

Segundo o especialista, o resultado do penúltimo mês do ano passado confirma uma trajetória de deterioração do segmento. "Além disso, quando se avalia o volume de vendas no comércio, o resultado também não é bom", acrescentou. 

Bentes pondera que a desaceleração do setor é preocupante devido ao peso que a atividade tem no mercado de trabalho. "O setor é o maior empregador e responde também por mais da metade da criação de vagas nos últimos anos", explicou. 

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Para ele, os reflexos do mau momento de serviços devem começar a se espalhar para a economia brasileira. "Com menos renda e menos vagas criadas, a ajuda que o setor vai dar para a economia em termos de crescimento econômico tende a ser menor", ponderou.

A projeção do economista sênior da CNC para 2014 é que a receita real de serviços fique negativa entre 2% e 2,5%. "Esta vai ser a primeira queda anual da receita real do setor (desde o início da série histórica em 2012)", destacou. Os resultados da receita nominal do segmento referentes a dezembro e ao consolidado de 2014 serão divulgados em fevereiro.

Preços altos. Segundo o IBGE, a escalada nos preços dos serviços está afastando os consumidores. O segmento de serviços prestados às famílias teve crescimento nominal de 4,4% em novembro de 2014 ante mesmo mês de 2013 - porcentual inferior ao dos meses anteriores. Em outubro, a alta foi de 6,8%, enquanto em setembro foi de 7,7%.

"Os serviços prestados às famílias vem apresentando desaquecimento. Apesar de o rendimento ter aumentado, as famílias não estão se direcionando para esse segmento. Isso indica que os preços estão afetando essa decisão de não consumir esses serviços", avaliou Roberto Saldanha, técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.

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Saldanha chamou atenção para a alta de 2,7% na renda média do trabalhador em novembro de 2014, em comparação com novembro de 2013. A massa de rendimentos pagos aos ocupados também subiu 3% no período. 

"Mas esse crescimento não se refletiu no consumo de serviços", apontou. "A gente acredita que as famílias em geral estão mais seletivas em relação ao consumo especialmente de serviços de alojamento e alimentação", acrescentou.

Em novembro de 2014 ante novembro de 2013, o subsetor de serviços de alojamento e alimentação teve alta de 4,7% (ante elevação de 8,5% em outubro), enquanto o de outros serviços prestados às famílias aumentou 2,4% (ante queda de 3,5% em outubro). 

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Metodologia. A pesquisa do IBGE produz índices nominais de receita bruta, desagregados por atividades e com detalhes para alguns Estados, divididos em três tipos principais: o índice do mês frente a igual mês do ano anterior; o índice acumulado no ano; e o índice acumulado em 12 meses.

Ainda não há divulgação de dados com ajuste sazonal (mês contra mês imediatamente anterior), porque, segundo o IBGE, a dessazonalização requer a existência de uma série histórica de aproximadamente quatro anos.

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