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Recessão apavora e Bovespa tem pior queda em uma década

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

Sinais de que a crise financeira já pôs a economia norte-americana no caminho da recessão empurraram os mercados de volta ao desespero, levando a Bolsa de Valores de São Paulo à maior queda em dez anos. Depois de o circuit breaker ter interrompido os negócios pela quarta sessão em menos de 20 dias, que desta vez postergou o fechamento em meia hora, o Ibovespa caiu 11,39 por cento, para 36.833 pontos. O índice não caía dois dígitos no fechamento desde os 15,8 por cento de 10 de setembro de 1998. O movimento aconteceu num dia de vencimento de opções sobre índice, que ao mesmo tempo ampliou a volatilidade e turbinou o giro financeiro para 7,76 bilhões de reais, o maior em dois meses. O pêndulo do mercado, que saiu do pânico para e euforia depois de governos de diversos países anunciarem a capitalização de bancos perto do colapso no começo da semana, voltou a se mexer depois de índices da economia norte-americana comprovarem o pior dos temores: a recessão está às portas. As vendas empresariais nos Estados Unidos tiveram a queda mais forte desde setembro de 2006, ao mesmo tempo em que um relatório mostrou a retração mais profunda em três anos das vendas do varejo no país em setembro. O humor dos investidores azedou de vez à tarde depois da divulgação do Livro Bege, espécie de sumário macroeconômico do Federal Reserve, o qual trouxe a avaliação de que a economia norte-americana já está se desacelerando. "Isso já era em parte previsto, mas o cenário de fundo tende a manter o estresse nos mercados", disse Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora. Esses números deram combustível extra para as análises já sombrias de que a demanda mundial por commodities vai desabar em 2009. O barril do petróleo desabou para a faixa dos 74 dólares, menor nível em 13 meses. Metais industriais, como o cobre, despencaram. Foi um prato cheio para os investidores que apostavam na queda do mercado, justamente num dia já tradicionalmente volátil de vencimento de contratos de índice futuro, na BM&F. O elo seguinte dessa cadeia foi uma punhalada nas ações da Bovespa ligadas a matérias-primas, as de maior peso no Ibovespa. Seguindo o recuo do preço do petróleo para o menor nível em 13 meses, Petrobras ruiu 15,35 por cento, para 23,11 reais. Metais industriais, como o cobre, também despencaram, acrescentando peso à Vale, que desabou 16,5 por cento, para 23,13 reais, puxando consigo as ações de empresas ligadas a siderurgia. Com a queda desta quarta-feira, o Ibovespa já vale metade do valor em cinco meses, quando o índice atingiu sua máxima histórica, aos 73.516 pontos. (Reportagem de Aluísio Alves)

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