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Recessão argentina reduzirá os investimentos estrangeiros

Por Agencia Estado
Atualização:

Os investimentos estrangeiros diretos na Argentina deverão cair dos US$ 4,5 bilhões do ano passado para algo em torno de US$ 2 bilhões este ano. A estimativa é do presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Antônio Corrêa Lacerda, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. O cenário leva em conta o aprofundamento da recessão no país vizinho ao longo do primeiro semestre, que deverá afugentar, ainda mais, os investimentos de empresas de outras nacionalidades. Para 2002, a previsão da Sobeet é de que o Produto Interno Bruto (PIB) argentino encolherá no mínimo 4%. "Os investimentos cairão a menos da metade do ano passado, porque a recessão ainda deve se agravar", disse Lacerda. Para o economista, chegou a ser surpreendente a Argentina ter conseguido a performance que teve em 2001, dada a dificuldade em captar investimentos. Pelo lado brasileiro, o Grupo Brasil, que reúne cerca de 200 companhias nacionais com atuação no país vizinho, já havia sinalizado que cerca de 40% dos US$ 2 bilhões que as empresas brasileiras investiriam entre 2001 e 2002 estavam sendo suspensos, com a crise econômica argentina. Apesar do retrocesso, a boa perspectiva, segundo o economista, é de que, ao enfrentar, finalmente, seu problema cambial a Argentina cria condições para entrar novamente no jogo de atração de fluxos de investimentos diretos, no médio e longo prazos. "Uma vez que a Argentina resgate condições mínimas de governabilidade, ela poderá conseguir novos aportes de recursos e se credenciar, no médio prazo, para ser, de novo, alvo de investimentos", analisa o professor, que é autor do livro O impacto da globalização na Economia Brasileira e organizador da edição Desnacionalização, mitos e desafios. Brasil - Ainda que em melhores condições, o Brasil também sofrerá redução nos investimentos diretos estrangeiros, conforme as projeções da Sobeet. Os valores este ano deverão ficar em cerca de US$ 17 bilhões, abaixo dos US$ 22,6 bilhões do ano passado, montante que chegou a superar as expectativas mais otimistas feitas para 2001. Em 2000, os investimentos diretos estrangeiros no País bateram a casa de US$ 33,5 bilhões. Para o ano passado, a Sobeet já esperava "expressiva retração", ligada a fatores externos, como a retração da economia global e os problemas no país vizinho, mas também por motivos internos, como o "esgotamento do processo de privatização". Segundo Corrêa, houve queda de 40% nos fluxos de investimentos mundiais em 2001. "Claro que o desaquecimento global mudou as posições de investimentos de algumas empresas", disse o economista, citando que o Brasil também sofreu os efeitos de outros choques como o do racionamento.

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