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Recessão atingirá zona do euro em caso de guerra, diz estudo

Por Agencia Estado
Atualização:

O comissário europeu responsável pelos assuntos econômicos e monetários, Pedro Solbes, apresentou em Bruxelas um estudo mostrando que a zona do euro - países da União Européia, exceto Reino Unido, Dinamarca e Suécia - será afetada por uma recessão na hipótese de um ataque dos Estados Unidos ao Iraque. Este é um dos quatro cenários de desempenho econômico traçados para a região, levando em conta o preço do petróleo caso aconteça uma guerra. Alguns detalhes sobre o trabalho foram esclarecidos hoje por Gerassimos Thomas, porta-voz de Solbes. A recessão na zona do euro está prevista somente em caso de choque de petróleo no longo prazo, mas todas as projeções consideram redução de crescimento econômico. Na primeira hipótese, o petróleo subiria a US$50, ante os US$32 de hoje, mas cairia de preço em dois meses, deixando o crescimento em torno dos 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) considerados atualmente. Oficialmente, o comissário não rebaixa suas previsões de crescimento do PIB para este ano (1,8%), mas admitiu na última segunda-feira, durante o conselho de ministros europeus das finanças, que a taxa projetada é "otimista". O responsável pelo Fundo Monetário Internaconal (FMI) para Europa, Michael Deppler, já explicou aos ministros da zona euro que para 2003 o crescimento será inferior a 1,5%. Na outras duas possibilidades, o barril do petróleo sobe a US$70 e mantém o preço por vários meses, gerando um corte de 0,3% ou 0,4% na taxa de crescimento considerada atualmente (1,5%). O cenário é o mesmo caso o barril se mantenha por um tempo maior entre US$35 e US$40. Enfim, em caso de choque petrolífero durável, acompanhado de uma queda das Bolsas, os níveis de crescimento chegariam a -1,3% e -1,4% do PIB. Isso significa, na prática, que as sanções financeiras sujeitas aos países, que ultrapassam seu déficit público do teto de 3% do PIB, poderão ser flexibilizadas. A análise reconhece que a situação econômica atual, em relação a que prevalecia durante a guerra do Golfo de 1991, é "mais frágil". A rigor, a economia européia está menos preparada para o conflito. A confiança dos consumidores e das empresas, já influenciada pela atual tensão do sistema financeiro e a contínua queda das Bolsas, está abaixo dos níveis registrados em agosto de 1990, quando o Iraque invadiu o Kuwait. Flexibilização Thomas explicou que a flexiblização prevista no Tratado para o pacto de estabilidade acontece somente em casos "excepcionais e temporários". A guerra é um exemplo, assim como as enchentes ocorridas na Alemanha em julho do ano passado, que representaram um custo direto para o país de 0,1% dos 3,8% em déficit público do PIB alemão. Na prática, a Comissão deve fazer uma avaliação dos custos diretos dos "casos excepcionais" e flexiblizar ou não as sanções financeiras que este país deverá arcar. O cuidado da Comissão é reiterar a "validade e seriedade" das regras do pacto de estabilidade, responsável pelo equilíbrio econômico da zona euro. Bruxelas teme admitir a brecha que existe de fato, dando o aval para que os países não respeitem a regra de não superar o déficit fiscal em 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

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