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Recessão ‘demitiu’ funcionalismo na Europa

Segundo cálculos da entidade Initiative for Policy Dialogue, com sede na Universidade de Columbia (EUA), quase cem governos desde 2010 reduziram o valor gasto com funcionalismo

Por Jamil Chade e correspondente em Genebra
Atualização:

A pior crise econômica vivida pela Europa em 70 anos levou praticamente todos os governos a demitir funcionários públicos e, hoje, alguns países têm os menores níveis de pessoas trabalhando para o Estado desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

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Segundo cálculos da entidade Initiative for Policy Dialogue, com sede na Universidade de Columbia (EUA), quase cem governos desde 2010 reduziram o valor gasto com funcionalismo. Mergulhados em uma dívida que ameaçava a zona do euro, foram os governos da Europa que adotaram as medidas mais polêmicas de austeridade a partir de 2010.

O resultado, segundo a OCDE, é que todos os países da UE reduziram o tamanho do funcionalismo público entre 2008 e 2013, exceto a Suécia.

Na Irlanda, que foi obrigada a ser socorrida por um pacote de resgate, os funcionários públicos passaram de 18,3% do total de pessoas empregadas no país para 17,4% entre 2008 e 2013. Dublin ainda estabeleceu por seis anos uma moratória de contratações e foi apenas no fim de 2015 que novos postos foram oferecidos. Mesmo assim, a abertura de vagas se limitou à educação e à polícia.

No Reino Unido, o governo já deixou claro que vai continuar a enxugar o Estado e 100 mil postos de trabalho no setor público serão abolidos em cinco anos. Isso fará com que os britânicos tenham sua menor taxa de servidores estatais desde 1945. Hoje, a taxa já é de 17,2% entre todos os trabalhadores do país.

Em outros países, porém, a demissão de funcionários públicos levou a uma crise política sem precedentes. Na Grécia, o número de servidores passou de 952 mil, em 2009, para 675 mil, em 2014, uma queda de 277 mil postos de trabalho. Em Portugal, a crise levou o governo a reduzir em 8% o número de funcionários públicos entre 2012 e 2014. Na Itália, o governo planeja terminar 2016 com uma redução de 20% nos gastos com o funcionalismo em comparação ao que existia em 2012.