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Recessão desestimula até o crédito direcionado

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Por Redação
Atualização:

O agravamento da recessão torna ainda menor o interesse dos tomadores de crédito, segundo o relatório de política monetária e crédito do Banco Central (BC). Nos últimos 12 meses até novembro, os saldos dos empréstimos cresceram apenas 7,4%, atingindo R$ 3,17 trilhões, enquanto as concessões – que refletem as novas contratações – caíram 2,4%. Nem a ligeira queda das taxas médias cobradas das empresas (de 21,5% ao ano em outubro para 21,2% ao ano no mês passado) estimulou mais fortemente a demanda de crédito às vésperas do Natal, quando é maior o ritmo da atividade. Em novembro, as concessões cresceram apenas 1,9%, mas continuam negativas no trimestre, no ano e em 12 meses. O Banco Central já trabalha com a hipótese de que o saldo das operações cresça apenas 7% nominais em 2015, bem abaixo da inflação próxima de 11%. É provável que se conviva mais algum tempo com esse quadro de anormalidade, por falta de alternativa. O BC estima que as operações de crédito direcionado cresçam apenas 10% em 2015. Salvo situações pontuais, nem a taxa subsidiada do crédito direcionado (crédito rural, empréstimos imobiliários e contratos com o BNDES) bastou para atrair tomadores. Em novembro, a taxa média do direcionado foi de 10,6% ao ano para empresas e de 10% ao ano para pessoas físicas. Passou a fase da economia movida a crédito ao consumo. Sem confiança no emprego, na preservação da renda e já endividadas, as pessoas buscam antes quitar empréstimos. Os indicadores de inadimplência do BC ainda não provocam temor, mas passarão por um teste importante em 2016, se se confirmar o agravamento do desemprego. Em casos extremos, as pessoas físicas recorrem ao cheque especial, cujo saldo cresceu 10,6% neste ano, acima, portanto, da média de crescimento do crédito. Também as concessões de cheque especial cresceram acima da média (8,5%), superando R$ 31 bilhões. Ainda pior são as operações do rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas, com custo médio de 415,3% ao ano, 87,5 pontos porcentuais acima da taxa de novembro de 2014. Com juros elevados, bancos cautelosos e economia enfraquecida, é improvável que o crédito ao consumo logo retome sua função de motor do crescimento. Se há risco, é de que o governo caia na tentação de induzir as famílias a se endividar, na tentativa de retomar a todo o custo o ritmo da atividade em 2016.