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Recessão no mundo já está dada, mas não no País, diz Mantega

Ministro afirmou ainda que o presidente defendeu medidas rápidas para evitar a depressão no mundo

Por Tania Monteiro
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a recessão no mundo já está dada, mas não no Brasil.  Em uma primeira rodada de reuniões com os primeiros ministros do Japão, Reino Unido e Austrália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a adoção de medidas pelos países que integram o  G-20 para enfrentar a crise financeira mundial. "Não podemos sair do G-20 com as mãos abanando porque há uma grande expectativa da sociedade", disse o presidente, conforme relato do ministro. Veja Também: Entenda o que está em jogo na reunião do G20 Veja os principais pontos do encontro do G-20 em São Paulo De olho nos sintomas da crise econômica  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Dicionário da crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Segundo Mantega, é preciso que sejam adotadas medidas para evitar que o mundo chegue à depressão, porque a recessão já está dada. "Não podemos cair na depressão econômica", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao relatar as conversas do presidente Lula, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou que a recessão não é o caso brasileiro. Para o ministro, é possível que, com a crise econômica, a Rodada Doha que discute o livre comércio internacional, poderá até avançar. G-20 A proposta para o grupo é que a reunião dê origem a grupos de trabalho "que tenham um prazo para dar resultados", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Washington. O ministro diz que "todos" os países do G-20 admitem a necessidade de regulamentação do sistema financeiro, mas Mantega reconheceu que pode haver divergências quanto "ao tipo de regulação". O ministro disse que os grupos de trabalho do G-20 devem ter a tarefa de "apresentar propostas de como regulamentar o mercado financeiro de modo a evitar que esta crise aconteça de novo e dar segurança, porque hoje o mundo ainda vive uma situação de insegurança. Insegurança dos banqueiros e do consumidor", exemplificou durante entrevista para jornalistas. Depois do encontro do G-20, Mantega diz que pode haver uma nova reunião no fim de fevereiro ou março. De acordo com Mantega, que acompanhou o presidente Lula em encontros bilaterais preparatórios para o encontro de amanhã, todos os países do G-20 "admitem a necessidade de uma regulação do sistema financeiro para evitar que se repita o que aconteceu recentemente e para voltar a ter confiança". A confiança, continuou o ministro, depende de regras claras, transparência maior nas operações. No entanto, Mantega reconhece que "pode haver divergência quanto ao tipo de regulação, que se queira fazer. Agora no comunicado que vamos apresentar está dito que é necessário haver uma regulação do sistema financeiro, principalmente não bancário. Quanto a isso há convergência, mas é claro que os setores financeiros não gostam muito de regulação, eles poderão resistir", avisa. O ministro Mantega também afirmou que defende a idéia de uma nova reunião do G 20 para discutir os derivativos. "Minha proposta é que saiamos daqui com grupos de trabalho formados para que se apontem uma próxima reunião para regulamentar o mercado, porque o mundo vive em insegurança", afirmou. "O Brasil também está disposto a fazer políticas anticíclicas", disse o ministro. O País está disposto a "reações rápidas para não permitir que a crise se instale". "Estamos dispostos a fazer política fiscal (anticíclica)", reiterou em entrevista para jornalistas, um dia antes do encontro de chefes de Estado e governo do Grupo dos 20 (G-20). O ministro, que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reuniões bilaterais preparatórias para o encontro do grupo, disse que o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, com quem tiveram reuniões pela manha, "estão muito determinados a tomar medidas importantes, com grande repercussão e não deixar passar isso em branco, e nisso temos sintonia muito grande". Mantega acrescentou que "política monetária e fiscal têm de ser sintonizadas. Se um país fizer isoladamente, pode não ter sucesso e vazar recursos para outros países". O ministro deu o exemplo de que se o Brasil fizer uma medida agressiva sozinho "outros países podem se aproveitar e absorver estes dólares e reais sem dar nada em troca. Para que funcione, tem de haver sintonia entre os países para que todos façam ao mesmo tempo. Para que todos tirem proveito desta situação". (Com Nalu Fernandes, da Agência Estado)

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