O crescimento acima do esperado das vendas de imóveis residenciais usados nos Estados Unidos é um sinal claro de que a economia do país está em recuperação, disse nesta sexta-feira, 21, a economista do Barclays, em Nova York, Michelle Meyer. "A economia emergiu da recessão, que acabou em junho, e o que vemos agora são os primeiros sinais de retomada", explicou, em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo.
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As vendas de imóveis residenciais usados cresceram 7,2% em julho ante junho nos EUA, o maior aumento em termos porcentuais na comparação mensal em mais de uma década, atingindo a taxa sazonalmente ajustada de 5,24 milhões. A expectativa dos analistas consultados pela Dow Jones era de aumento de 2,2%, para 5 milhões. Trata-se da maior taxa atingida em quase dois anos. Em junho, as vendas de imóveis aumentaram 3,6%, para 4,89 milhões.
Para Michelle Meyer, no entanto, não se pode dizer que a crise no mercado imobiliário acabou. "Podemos dizer que o pior passou, mas não estamos fora de perigo. Ainda há muita execução de hipotecas. A situação do mercado de imóveis comerciais também é outro risco. Devemos ver mais queda (nos preços de hipotecas), mas a fraqueza em imóveis comerciais não deve atrapalhar a retomada do setor", disse.
Meyer espera que o PIB norte-americano cresça 3,5% nos próximos dois trimestres e em média 3% ao longo de 2010, levando em consideração que a poupança deve continuar a aumentar e o consumo só deve crescer com mais força com a melhora do mercado de trabalho.
Segundo ela, os cortes de postos de trabalho devem continuar, com desemprego atingindo 10% até o final do ano. Meyer explicou que embora espere que novas vagas sejam criadas a partir de 2010, ela reconhece que levará "muito tempo" para que a situação se normalize. Mais de 6,7 milhões de empregos foram cortados desde o início de 2008.
Como acredita que a recuperação da economia dos EUA será lenta, Meyer avalia que o Federal Reserve deverá "deixar a política monetária acomodada" até 2011, o que significa manter os juros na faixa de zero a 0,25%. A economista acrescentou ainda que o déficit fiscal do país é uma preocupação e que o governo deve começar seus esforços para reduzi-lo tão logo se confirme que a economia voltou a crescer.