Em três semanas, os EUA sediarão a IX Cúpula das Américas em Los Angeles. Ao contrário daquela primeira reunião em Miami, em 1994, já não há esforços reais para unificar o continente por meio do livre comércio. Agora, o foco é um relacionamento sério depois do interesse bastante limitado de Trump. Ele nem se deu ao trabalho de comparecer ao último encontro, em abril de 2018.
Mas já há queixas de vizinhos a respeito da pauta limitada – sem discussões importantes sobre imigração, por exemplo –, assim como da exclusão inicialmente planejada de Cuba, Venezuela e Nicarágua. O México reclamou publicamente e, em seguida, Bolívia e Honduras seguiram seus passos. E até mesmo Bolsonaro, de direita, irritado com as críticas anteriores de Biden, tem demonstrado relutância em participar do evento.
Sem dúvida, serão feitas tentativas para rebater as críticas. Isso dificilmente resolverá a dualidade cada vez mais encontrada na América Latina. Vozes mais radicais surgiram, refletindo a disposição para a ampla participação do Estado como um caminho seguro para a conquista bem-sucedida de um crescimento econômico maior e mais justo. Outras vozes mais conservadoras pedem avidamente pela privatização como uma solução indiscutível para os déficits fiscais e nas contas correntes, com menor preocupação com as desigualdades sociais.
Eleições importantes acontecerão em breve na Colômbia, no Brasil e nos EUA. Elas revelarão passos rumo a um centro mais amplo?
Na Colômbia, o líder nas pesquisas para o segundo turno, que será realizado em duas semanas, é Gustavo Preto, com cerca de 35% das intenções de voto; seguido por Fico Guiterrez, de direita. Preto é um ex-integrante do grupo guerrilheiro M-19, que concorreu à Presidência sem sucesso em 2018 com o vencedor conservador, Ivan Duque. Nos EUA, Trump tem feito campanha regularmente nas primárias republicanas em andamento. Seu apoio teve mais sucesso do que alguns previam.
No Brasil, o esforço para criar um segundo turno na eleição presidencial sem Bolsonaro enfraqueceu bastante. Não surgiu nenhum candidato de centro capaz de avançar para o segundo turno. Por outro lado, Lula é visto como um vencedor muito provável, ainda mais depois de convencer Geraldo Alckmin a concorrer como seu candidato a vice-presidente. Bolsonaro, apesar dos modestos ganhos nos últimos meses, continua atrás do petista. A avaliação positiva de seu governo, de 35%, fica muito abaixo do resultado de sua avaliação negativa, de 55%.
*ECONOMISTA E CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR EMÉRITO NAS UNIVERSIDADES DE COLUMBIA E DA CALIFÓRNIA EM BERKELE