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Cientista político e economista

Opinião|Recuperação

Mundo se depara com previsões muito mais favoráveis para o ano que começou

Atualização:

O carnaval deste ano acabou. Como tantas outras comemorações nestes últimos 12 meses, as festas se confrontaram com a realidade de uma pandemia internacional em curso. As crises e o número estratosférico de mortes humilharam ministérios da saúde e hospitais.

Com o início da quaresma, o mundo se depara com previsões muito mais favoráveis para o ano que começou. Os Estados Unidos, e muitos outros países desenvolvidos e em desenvolvimento, agora começam seriamente a enfrentar as inúmeras tarefas de reparo do tecido internacional dilacerado nos últimos anos. Inquestionavelmente, trata-se de algo mais significativo do que a recuperação de esquemas de cooperação aceitáveis em lugar da negação.

Vacina contra covid-19 dá projeção econômica positiva para o mundo Foto: Amanda Perobelli/ Reuters

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Quatro questões centrais, e há outras, exigem implementação:

– Acordos de cooperação para garantir amplo e permanente acesso às tão necessárias vacinas para derrotar a epidemia do coronavírus. A Organização Mundial da Saúde é logicamente o ponto focal do programa, com sua produção constante em países como na Europa, EUA, China, Índia, Brasil, Rússia e outros. Tudo isso vai além dos esforços iniciais dos primeiros anos do século 21.

– O retorno dos EUA ao cenário internacional, não para satisfazer ambições mercantilistas e exibir capacidade militar, mas para permitir a atuação de uma diplomacia eficiente e séria. A variedade desses acordos se estende da estruturação do acordo nuclear inicial com o Irã a novos esforços de paz no Oriente Médio, ao fortalecimento da Organização Mundial do Comércio a fim de assegurar a orientação para um sistema de intercâmbio internacional que acabou se tornando cada vez mais fonte de discórdia. 

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– Desempenhar um papel produtivo na questão da mudança climática. Poucos temas foram mais abertamente rejeitados pelos adversários conservadores. O Acordo de Paris – e a cooperação internacional implícita na tentativa de conter o aquecimento global – foram vistos com menosprezo. Este acordo, com o apoio quase universal dos outros governos, foi culpado pela falta de progresso na produção interna de petróleo e de fracking (fraturamento hidráulico).

– China e Estados Unidos precisam procurar meios positivos para avançar nos próximos anos, como maiores economias da comunidade internacional. Os problemas no campo dos direitos humanos não desaparecerão, e continuam em outros países, como a Índia. Ninguém pretende ignorá-los, mas eles não implicam a incapacidade de definir temas em que a cooperação pode ser produtiva, embora incompleta. 

O presidente Biden foi além, enfatizando outros aspectos futuros, sem excluir a ajuda a setores internos a fim de assegurar a sua viabilidade em relação às importações. Isso está implícito no compromisso de garantir a criação de empregos bem pagos no futuro, aumentando o papel atualmente reduzido dos sindicatos. E tudo isso aumenta, em lugar de reduzir, a oposição republicana, até mesmo entre os que se opõem a Trump.

Joe Biden é um político há muito tempo atuante, que aprendeu muito durante seus longos mandatos no Senado e nos oito anos na vice-presidência. Ele compreende a realidade dos compromissos reiterados no Congresso e no Executivo. Ele é de centro, mas capaz de mudar, como mostra claramente o seu currículo político. Ele é um homem de palavra.

O presidente Bolsonaro, por outro lado, acredita profundamente em Trump. Seu populismo nacional militarista – e a sua incapacidade de compreender a economia – certamente correspondiam aos da turba enfurecida que invadiu o Capitólio em janeiro. Ele mudou repetidamente de partido, mas jamais as suas posições pessoais ou os compromissos com a família. O seu Brasil espera que a política dos EUA continue imutável, apesar da transição política.

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Na Casa Branca, muitos dias de intenso trabalho se passarão antes que os primeiros sinais definitivos dos efeitos dos compromissos de Biden, internos e externos, sejam registrados. O controle, por uma margem estreita seja dito, da Câmara do Senado e do Executivo prometem prever que dias mais felizes virão. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA*ECONOMISTA E CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR EMÉRITO NAS UNIVERSIDADES DE COLUMBIA E DA CALIFÓRNIA EM BERKELEY. ESCREVE MENSALMENTE

Opinião por Albert Fishlow
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