A Cogna é a empresa de educação listada na Bolsa que mais tem sofrido para se recuperar do baque da pandemia. Suas ações estão cotadas hoje a 37% do valor de antes da chegada do coronavírus ao Brasil, enquanto os papéis da Ânima já valem 80%, os da Yduqs (antiga Estácio), 59% e os da Ser, 47%. “A Kroton foi a educacional mais impactada nesta crise e, diferentemente das demais educacionais, que estão aproveitando o contexto para realizar consolidações e ampliar as sinergias contratadas, a Kroton está focada em reestruturação”, diz relatório da Eleven Financial publicado em fevereiro.
O desempenho no mercado financeiro é resultado da desconfiança que paira sobre a empresa mesmo após o anúncio das modificações. Em fevereiro, quando a Cogna anunciou um acordo com a Eleva Educação, houve decepção entre investidores. Pelo contrato, a Cogna se desfez de seus 51 colégios por R$ 964 milhões (R$ 625 milhões serão quitados em cinco anos e o restante, convertido em debêntures). Em contrapartida, comprou o sistema de ensino da Eleva por R$ 580 milhões.
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Investir em colégios era uma aposta recente do grupo, que vinha comprando ativos de alto padrão no segmento. O movimento, porém, elevou a complexidade de operação. Analistas consideraram acertada a venda das escolas, mas, para o BTG, o negócio não foi suficiente para reduzir a pressão das dívidas sobre a companhia. Na visão da Eleven, o acordo foi um passo importante para a empresa ter estrutura mais “leve”, mas deve demorar para trazer resultados.
Há 15 dias, quando o grupo apresentou seus resultados de 2021 – um prejuízo de R$ 5,8 bilhões –, os analistas do BTG Pactual disseram que novos ajustes podem ser necessários. O Bradesco BBI classificou os resultados como fracos e afirmou que a Kroton ainda sofrerá pressão. Os analistas destacaram que a alavancagem é fonte de preocupação, mas que o grupo pode começar a colher resultados da reestruturação. Apenas o Santander foi mais otimista, afirmando que o resultado operacional foi baixo “estritamente” devido a uma provisão para inadimplência “extraordinária”.
Aos analistas, o presidente da Cogna, Rodrigo Galindo, admitiu que 2020 foi difícil, mas destacou que foram feitos os “ajustes necessários para retomar a rentabilidade em 2021”.
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