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Recuperação da economia brasileira é uma questão de meses, diz Levy

A um grupo de 150 empresários e investidores em Madri, o ministro da Fazenda manifestou confiança na trajetória de retomada da demanda agregada no Brasil

Por Ricardo Leopoldo
Atualização:
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participa de encontro na Espanha promovidopelo jornal El País Foto: Zipi/EFE

Texto atualizado às 20h10

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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta segunda-feira, 7, em tom de otimismo num evento em Madri, que o governo brasileiro adotou as medidas necessárias para lidar com a crise e “a recuperação da economia brasileira é uma questão de meses”. “A presidente (Dilma Rousseff) teve coragem de tomar as medidas necessárias”, enfatizou Levy.

Falando para um grupo de 150 investidores e empresários no seminário Infraestruturas, o estímulo à economia brasileira na capital da Espanha, o ministro ressaltou que o País tem uma “estratégia” baseada no fortalecimento dos pilares macroeconômicos: ajuste fiscal, combate frontal à inflação e câmbio flutuante. E, segundo ele, a economia já começou a se “reequilibrar”.   Na gestão das contas públicas, o ministro da Fazenda disse que as medidas anticíclicas adotadas pelo Executivo logo após a crise financeira global em 2008, que foram bem-sucedidas, não poderiam ser mantidas porque o cenário hoje é outro. “A política anticíclica depois de um certo tempo começa a ter um preço caro”, destacou. “No nosso caso, o custo fiscal mostrou-se crescente. Então, tivemos um realinhamento fiscal e de preços importante que facilitou a economia começar a se ajustar.”

Segundo o ministro, outra parte importante do “realinhamento” da economia veio do câmbio, que gerou mais estímulos para o setor externo, especialmente com registro de saldo positivo na balança comercial “O nosso balanço de pagamentos tinha um déficit crescente que começa a diminuir. A balança comercial tem superávit e a contribuição do setor externo para o crescimento do PIB pela primeira vez, desde 2005, foi positiva em 12 meses, terminados no segundo trimestre, com contribuição de praticamente 1%.”

O ministro ressaltou ainda a correção de preços administrados, a inflação, que subiu, mas tende a baixar pela ação “muito consistente” do Banco Central.  Levy reafirmou “ter bastante confiança” de que a política macroeconômica adotada pelo governo, com ajuste fiscal e combate firme à inflação, levará o País ao rumo do desenvolvimento. “Quando se faz um ajuste, primeiro tem mais custos do que resultados, em todos os países é assim, como aqui na Espanha”, destacou. 

Levy enfatizou a importância de se manter a austeridade nas contas do Tesouro, assim como manter as metas fiscais e a trajetória dessa política no setor público. Mas disse que o ajuste fiscal sozinho não será a única saída para a recuperação da economia. “A austeridade é inevitável, necessária, mas não é, sozinha, a maneira de resolver os problemas”.

Foco. O ministro destacou que a agenda de concessões em infraestrutura é um dos elementos que vai colaborar para o processo de recuperação da economia brasileira. “A infraestrutura é condição fundamental para o Brasil crescer.” Na avaliação de Levy, o plano de logística no Brasil vai muito bem e praticamente a cada semana é feita uma autorização para empresas operarem terminais portuários privados. Ele também destacou a continuidade do processo de concessão de aeroportos. No caso de rodovias, o foco principal foi a duplicação de estradas que têm conhecida demanda. “Temos um tremendo potencial em logística.” 

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Política. Na semana passada - dois dias depois de anunciar, ao lado do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o Orçamento de 2016 com um déficit de R$ 30 bilhões -, em entrevista ao jornal espanhol El País, publicada neste fim de semana, Levy afirmou que o ajuste fiscal explica apenas um terço da desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O restante é consequência da turbulência política vivida hoje pelo Brasil. “PIB é a soma de uma porção de decisões. Quando tem uma turbulência política, as pessoas se retraem. E decisões que você precisa tomar são adiadas. A economia se contraiu obviamente.”

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