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Recuperação de Brasil e Rússia deve ajudar a acelerar PIB mundial, diz FMI

Enquanto países desenvolvidos perdem ritmo, crescimento dos países emergentes deve se acelerar em 2016 pela primeira vez em seis anos

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e correspondente
Atualização:

NOVA YORK - A volta do crescimento previsto para o Brasil e a Rússia em 2017 deve ajudar a acelerar a expansão da economia mundial, de acordo com previsões divulgadas nesta terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório "Panorama Econômico Mundial". Pela primeira vez em vários meses a instituição não cortou as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, mas vê os países avançados perdendo fôlego, enquanto os emergentes voltam a ganhar ritmo. 

A previsão divulgada hoje pelo FMI é que o PIB mundial deve crescer 3,1% este ano e 3,4% em 2017, mesma estimativa feita em julho. Os países avançados, porém, tiveram corte de estimativa, de avanço de 1,8% previsto no relatório anterior para 1,6%. A redução foi puxada principalmente pela piora do desempenho dos Estados Unidos e do Reino Unido. 

Emergentes devem crescer 4,2% este ano e 4,6% em 2017 Foto: Wang Zhao|Reuters

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Os EUA devem crescer 1,6% este ano, um corte de 0,6 ponto da projeção feita em julho (+2,2%), refletindo a fraca primeira metade do ano na maior economia do mundo. Para 2017, a estimativa foi cortada de expansão de 2,5% para 2,2%. 

O Reino Unido também deve apresentar desaceleração, afetado pela decisão de deixar a União Europeia em junho. Depois de crescer 2,2% em 2015, a expansão deve se desacelerar para 1,8% este ano e 1,1% no ano que vem. Ainda nos países desenvolvidos, o FMI alerta que o Japão deve continuar crescendo pouco (0,5% este ano e 0,6% em 2017), o mesmo valendo para a zona do euro, onde a instituição vê necessidade de reforço no programa de compra de ativos pelo Banco Central Europeu (BCE). 

Oito anos após a crise financeira mundial de 2008, a recuperação dos países é vista como "precária" pelo FMI. O baixo crescimento, alerta o Fundo, pode aumentar o desejo dos governos por medidas protecionistas e anti-imigração, ressalta o relatório. O documento não cita nomes, mas esta tem sido a plataforma política do candidato à presidente dos EUA, Donald Trump. 

"A economia mundial tem se movido de lado e o crescimento está fraco", afirmou o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, em comentários inicias preparados para uma entrevista à imprensa hoje. Para ele, a adoção de medidas protecionistas no comércio, ao contrário de melhorar o cenário, deve agravá-lo. "É de vital importância a defesa da crescente integração comercial", afirma ele, destacando que "dar as costas" para a agenda comercial só vai agravar e prolongar a fraca recuperação da economia mundial. 

O FMI volta a falar da necessidade de mais ação não apenas na política monetária, mas também na política fiscal e estrutural, com os governo buscando mais esforços para investir em infraestrutura. Os bancos centrais dos países desenvolvidos devem manter os programas de estímulos extraordinários, recomenda o Fundo. No caso do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), a recomendação é de a alta de juros seja "gradual" e dependente do comportamento dos salários e dos índices de preços. 

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Emergentes. Enquanto os países desenvolvidos perdem ritmo, o crescimento dos países emergentes deve se acelerar em 2016 pela primeira vez em seis anos, ganhando novo fôlego em 2017. 

Em 2015, os emergentes registraram expansão de 4%, que deve subir para 4,2% este ano e 4,6% em 2017. Apesar do grupo estar ganhando fôlego, o FMI destaca que o cenário difere entre as várias economias. A Índia deve se manter na liderança como o país que mais cresce no mundo, considerando as principais economias. A previsão é que o PIB indiano avance 7,6% este ano e o mesmo montante no ano que vem. Nos dois casos, a estimativa foi melhorada em 0,1 ponto na comparação com os cálculos feitos em julho, quando o Fundo divulgou seu último relatório de previsões. 

Enquanto a Índia deve acelerar o crescimento, a China perde fôlego, por conta da transição do modelo de expansão da atividade que vem sendo conduzida pelo governo, que ter tornar o país mais dependente do consumo e serviços. O FMI prevê que a China cresça 6,6% este ano, mesma número previsto no relatório de julho. Em 2017, a previsão também foi mantida, em 6,2%. Nos dois casos, o patamar é menor que o de 2015, que ficou em 6,9%. 

Na América Latina, a região deve encolher 0,6% este ano, por conta das recessões no Brasil e em outros países, como a Venezuela. A aposta do FMI é que a recuperação ocorra em 2017, com avanço de 1,6%. A Venezuela deve encolher 10% em 2016 e mais 4,5% no ano que vem. Para 2017, a estimativa é de avanço de 1,6% para a América Latina.