O PIB do segundo trimestre deste ano reflete um período que se iniciou com o auge do número de mortes causadas pela pandemia. Naquele momento, o esgotamento temporário da capacidade do sistema de saúde e as incertezas em relação ao cronograma de vacinação levaram o mercado a reduzir suas previsões de crescimento do PIB de 2021 para 3,1%.
Contudo, a divulgação do resultado do PIB do primeiro trimestre (melhor que o esperado) e de dados de atividade econômica de abril e maio apontando para uma resiliência maior que a esperada - frente às adversidades da dinâmica epidemiológica -, bem como o avanço da vacinação no País, levaram, nos meses subsequentes, a uma forte melhora das expectativas para o ano.
O resultado do PIB do segundo trimestre, de queda de 0,1%, não altera essa expectativa de recuperação da atividade econômica ao longo de 2021, ainda que sujeita a incertezas.
Em relação ao PIB do segundo trimestre, setores como construção, comércio e outras atividades de serviços, que são grandes demandantes de mão de obra, foram alguns dos destaques positivos. A indústria de transformação, por sua vez, tem sido impactada principalmente pela escassez de insumos e pela alta de custos logísticos e de energia. A falta de chuvas, que tem limitado a oferta de energia, também afetou o desenvolvimento de culturas importantes como a segunda safra de milho.
Para o restante do ano, a continuidade da recuperação do setor de serviços deve ser a força positiva mais relevante. Nesse cenário, supõe-se que o avanço da vacinação permitirá a maior abertura de segmentos de serviços prestados às famílias que ainda estão bem abaixo do nível pré-crise.
As incertezas, nesse caso, ainda estão relacionadas à evolução da pandemia, principalmente associada a novas cepas e aos seus impactos sobre a eficácia das vacinas. No horizonte um pouco mais longo, o crescimento de 2022 apresenta incertezas significativas relacionadas ao risco fiscal, que impactam a taxa de câmbio e, por consequência, a inflação e a taxa de juros.
*Diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)