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Recuperação externa breca alta do dólar após disparada inicial

Moeda norte-americana fecha o dia em alta de 0,66%, cotada a R$ 1,836; alta acumulada no mês é de 5,7%

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Por Silvio Cascione
Atualização:

A recuperação das bolsas internacionais ajudou a brecar a alta do dólar nesta terça-feira, 27. A moeda norte-americana terminou o dia com avanço de 0,66%, a R$ 1,836, após saltar mais de 2% pela manhã.   Sem contar a sessão do dia 20, atípica pelo feriado da Consciência Negra que fechou os negócios em São Paulo e no Rio de Janeiro, já é o sétimo dia seguido de alta. No mês, a valorização do dólar é de 5,7%.   A moeda norte-americana começou o dia em disparada. O interesse dos estrangeiros em ficar menos expostos ao risco cambial provocou ajustes no mercado futuro, aproximando o dólar de R$ 1,87 no mercado à vista - maior nível desde o final de setembro.   A compra futura de dólares pelos estrangeiros já havia chamado a atenção nos últimos dias. De acordo com dados da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os estrangeiros reduziram a posição vendida em dólar de 6,45 bilhões no dia 14, quando a moeda caiu para o menor nível desde 2000, para US$ 1,53 bilhão na segunda-feira.   Quanto maior a posição vendida em dólares, maior a aposta na queda da moeda norte-americana diante do real. A conta engloba o mercado futuro de dólar e o de cupom cambial.   Por trás do desmonte de posições está o aumento da aversão ao risco no exterior, provocado principalmente pela crise no setor de crédito imobiliário de risco dos Estados Unidos.   "O real é o mais líquido (entre os emergentes), até pelo tamanho do mercado brasileiro. Num processo desse, de diminuição de posições, o mercado teve uma saída maior do real", disse Marcelo Voss, economista-chefe da corretora Liquidez, apontando que a moeda brasileira tem a maior perda entre os emergentes em relação ao dólar no último mês.   Mas a alta de mais de 1% das bolsas em Nova York, animadas com a injeção de US$ 7,5 bilhões no Citigroup por investidores de Abu Dhabi, interrompeu o movimento de ajuste. Às 16h15, o Risco País, medido pelo JPMorgan, devolvia parte do avanço recente e caía 13 pontos-básicos.   Movimento global   Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, lembra que muitos dos investimentos estrangeiros não têm caráter de longo prazo e por isso saem rapidamente no momento de tensão.   "Como os recursos estrangeiros que transitam por esses mercados têm as origens mais diversas, (e são) em grande parte oriundos de operações de 'carry trade', não há como ficarem inertes ao cenário externo", comentou em relatório.   O "carry trade" é uma operação de arbitragem em que o investidor se financia em países com juros mais baixos, como o Japão, e aplica em países mais arriscados e que oferecem um retorno mais atrativo.   Além das preocupações externas, tem sido comentado por alguns agentes que há dúvidas no mercado quanto à atuação do governo para a criação de um fundo soberano. Se os dólares necessários forem obtidos no mercado, como sinalizam as autoridades da área econômica, pode haver uma pressão adicional pela alta da moeda, dizem.   Os fundamentos do mercado, no entanto, ainda indicam tendência de apreciação do real. Em relatório, a Merrill Lynch, maior corretora do mundo, calculou com base nas transações correntes do país que o "fair value" (valor justo) para a taxa de câmbio é de R$ 1,64 por dólar.   O mercado aguarda ainda a chegada de investidores para participar da oferta pública inicial de ações (IPO) da BM&F. As ações da bolsa começam a ser negociadas na sexta-feira.

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