Publicidade

Rede de varejo Lojas do Baú faz cortes no alto escalão

Intenção do Grupo Silvio Santos, dono da rede, seria melhorar os resultados para atrair compradores

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A Lojas do Baú Crediário, braço varejista do Grupo Silvio Santos, iniciou esta semana um forte enxugamento da empresa. A intenção é torná-la mais atraente aos olhos de prováveis interessados em adquiri-la - como a Casas Bahia, que procurou a companhia nas últimas semanas.A rede com 125 lojas espalhadas pelos Estados de São Paulo e Paraná demitiu ontem cerca de 40 funcionários. Eles ocupavam cargos de nível gerencial e recebiam salários mais elevados. Os cortes se concentraram nas unidades administrativas de Maringá (PR) e da capital paulista.A assessoria de imprensa do Grupo Silvio Santos confirma as demissões e alega que a redução de pessoal faz parte do "processo de reestruturação" pelo qual passa a empresa. De acordo com a assessoria do Grupo, a Casas Bahia manifestou interesse de comprar a rede. Procurada pelo Estado, a Casas Bahia não se manifestou.As demissões correspondem a quase 20% do total de empregados da Lojas do Baú. Segundo fontes do mercado, foram cortados funcionários com mais de 25 anos de empresa. Nessa lista estão ex-diretores que acabaram ficando na rede como consultores e representavam um grande peso na folha de pagamento. Apesar de não divulgar resultados, por ser uma companhia fechada, a receita da rede varejista do Grupo Silvio Santos girou em torno de R$ 400 milhões em 2009. O plano inicial de expansão da rede, fundada em 2007, não foi cumprido e fontes de mercado dizem que hoje a empresa estaria deficitária.Próximo passo. Após as demissões, o próximo passo da reestruturação será o fechamento das lojas deficitárias no começo do ano que vem. Segundo fontes, cerca de dez pontos de venda da rede estariam nessa condição.A assessoria da Lojas do Baú nega que a mexicana Elektra, do empresário Ricardo Salinas, teria se aproximado da empresa para fazer uma proposta de compra. "Nunca houve contato com o grupo mexicano", informou.De toda forma, pessoas próximas da negociação dizem que a Elektra é a candidata que mantém contatos mais avançados com a direção da Lojas do Baú, além da rede paranaense Mercado Móveis, que manifestou interesse de arrematar os 85 pontos de venda localizados no Paraná.O interesse da Casas Bahia pela empresa surpreendeu especialistas. Mas duas prováveis explicações são apontadas por eles para esse movimento da Casas Bahia. O primeiro motivo seria defensivo, isto é, para barrar a entrada da rede mexicana no Sudeste, o principal mercado consumidor. A outra provável razão do interesse pela companhia é que os pontos de venda da rede no Paraná estão bem localizados e, por serem menores do que o padrão, poderiam ser ocupados pela bandeira Ponto Frio, que faz parte do Grupo.PARA LEMBRAREmpresas foram dadas como garantiaO rombo de R$ 2,5 bilhões descoberto no Banco Panamericano pelo Banco Central foi o estopim da crise no Grupo Silvio Santos. No mês passado, Silvio Santos, apresentador de televisão e dono do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), deu como garantia as 44 empresas do Grupo, entre as quais está a Lojas do Baú Crediário, em troca de um empréstimo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para cobrir o rombo no banco.O escândalo abalou as estruturas do Grupo. Após décadas no comando, Luiz Sandoval pediu demissão e executivos do banco foram substituídos. O mercado começou a olhar com lupa as empresas que teriam maior liquidez para cobrir o rombo do Panamericano. Em polos opostos, a marca de cosméticos Jequiti e o banco foram considerados os ativos mais valiosos. Já a rede varejista tem menor potencial de venda.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.