LONDRES - O perdão de parte da dívida da Grécia (o chamado "haircut parcial") não deve ser repetido por qualquer outro país da zona do euro, afirmou Jean-Claude Trichet, no seu último dia de mandato como presidente do Banco Central Europeu (BCE), após 8 anos no cargo. Segundo Trichet, que será substituído pelo o presidente do Banco Central da Itália, Mario Draghi, a Grécia precisa ser vista como um caso extraordinário.
Na semana passada, os líderes da zona do euro fecharam um acordo, segundo o qual a Grécia terá um corte nominal de 50% no valor de face nos seus bônus detidos por investidores privados.
"É da responsabilidade dos países, individualmente, serem totalmente consistentes com o que eles dizem, ou seja, que a Grécia foi a Grécia, todo mundo reconhece que é um caso extraordinário", disse Trichet em uma entrevista publicada no site da BBC hoje.
Trichet negou que seja humilhante para os países da zona do euro a procura por investimento da China na sua dívida soberana. "Estamos todos no mercado global, estamos todos interligados", disse ele. "É uma forma normal de negociar."
O presidente do BCE disse também que a economia da Grécia deveria ter sido mais atentamente avaliada antes de se juntar à zona do euro em 2001.
Ele afirmou que a Grécia não cometeu nenhum erro ao lidar com a crise da dívida soberana da zona do euro, acrescentando que os erros foram feitos por governos e investidores.
Na mesma entrevista, Trichet disse que os governos, e não os bancos centrais, são responsáveis pela manutenção da estabilidade financeira. "É preciso cuidado, porque não é nosso trabalho assegurar a estabilidade financeira no âmbito soberano - é seu: individual e coletivamente", disse Trichet, dirigindo seus comentários aos líderes do governo.
"Não há decisão fácil para um banco central em nenhum momento", afirmou Trichet. As informações são da Dow Jones.