22 de outubro de 2014 | 02h06
Não se deve é ignorar, porém, o aumento dos riscos no mercado global - e o fato de que os bancos têm de se antecipar aos problemas, sob pena de se sujeitar a dificuldades ainda maiores do que já enfrentam.
Os bancos globais estão se preparando para atender às regras do programa Basileia 3, que impõem aumentos de capital entre 2015 e 2020, na tentativa de reduzir os riscos, em especial de curto prazo, evitando que se transformem em ônus para os cofres públicos em casos de insolvência e crises sistêmicas.
O que parece ocorrer é que as políticas cautelosas adotadas pelos bancos, em especial pelas instituições europeias, têm sido mais restritivas com relação ao Brasil.
Enquanto o fluxo de empréstimos diminuiu para o País, aumentou para os países emergentes em geral, que receberam US$ 97 bilhões no segundo trimestre, de um total de US$ 329 bilhões. Só a China tomou US$ 65 bilhões, o que indica que a leve desaceleração econômica do país não bastou para reduzir a confiança dos bancos globais. A China tem dívidas totais de US$ 1,1 trilhão com os bancos, enquanto o Brasil deve US$ 312 bilhões.
Os temores de desaceleração da economia global tendem a tornar os bancos ainda mais prudentes, afetando a oferta de crédito para países mais vulneráveis. No segundo trimestre, foram cortados US$ 7,7 bilhões em créditos bancários para a Rússia e US$ 3,4 bilhões dos destinados à Ucrânia.
A tendência do dólar é de valorização contínua, em razão da melhora da posição relativa dos Estados Unidos na economia mundial. Por isso, o Brasil não deve ignorar os sinais de redução da liquidez e da oferta de empréstimos, pois tem dupla vulnerabilidade: as contas correntes do balanço de pagamentos são deficitárias em cerca de US$ 80 bilhões anuais e as perspectivas de exportação são menos favoráveis, o que afeta as empresas, em especial as devedoras em dólares. O País depende de vultosos recursos externos, investimentos e outros capitais.
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