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Redução de linha de crédito não afeta vendas, dizem exportadores

Por Agencia Estado
Atualização:

A redução das linhas de crédito ao comércio exterior não se refletiu na balança comercial, conforme indicam os números referentes à primeira semana de setembro, de superávit de US$ 401 milhões, e do mês de agosto, positivo em US$ 1,575 bilhão. O diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirma que o esforço dos exportadores para não perder clientes já conquistados tem sido o grande responsável pelas vendas externas. A maioria das exportadoras brasileiras de grande porte e algumas de médio porte estão utilizando recursos próprios ou recorrendo a outros tipos de financiamento bancário, mais caros em comparação às linhas de comércio exterior, para manter as vendas. De acordo com o executivo, mesmo que o crédito às exportações estivesse em níveis normais, dificilmente as vendas externas cresceriam, já que a demanda mundial está fraca. "Não basta preço competitivo se não há procura pelos produtos", afirmou. "Ainda não há sinais de que os bancos estrangeiros estão voltando a financiar as exportações brasileiras." Na avaliação do diretor da Calçados Wirth e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Ricardo Wirth, os exportadores têm mostrado capacidade de administrar a queda nos recursos para financiar exportações para não perder clientes. "Os estoques foram reduzidos, a compra de matérias-primas tem sido feita com o mínimo de antecedência e o pagamento de alguns fornecedores chega a atrasar. Na verdade, toda a cadeia calçadista tem feito sua cota de sacrifício na administração da crise", afirmou. Essa não é, entretanto, a situação de todo o setor calçadista. Parte das empresas, como a Wirth, são capitalizadas e conseguem se financiar com recursos próprios. Em julho, segundo os últimos dados disponíveis, as exportações de calçados reagiram sobre junho, garantindo divisas de US$ 156 milhões, o que significa um incremento de 36% sobre o mês anterior. Em comentário sobre as perspectivas para o próximo ano, o Banco Bilbao Viscaya (BBV) assinala que a aversão ao risco nos países emergentes deve continuar no próximo ano. O Brasil não escapa desse cenário, e o risco País pode ser maior ou menor do que os outros, conforme as políticas do próximo governo. A expectativa geral é de que o crédito continue restrito para todas as áreas, inclusive no comércio exterior. Outro agravante, nesse caso para as pequenas empresas, é a burocracia e a rigidez das regras para obtenção das linhas emergenciais disponíveis pelo Banco Central e pelo BNDES, que inviabilizam o acesso de pequenos exportadores ao crédito. Os recursos do BNDES (que somados chegam a cerca de R$ 8 bilhões) já estão disponíveis em mais de 160 agentes financeiros que operam com fundos repassados pelo banco.

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