
30 de setembro de 2014 | 02h05
As empresas de fato receberam, em agosto, em valores absolutos, mais 1,9% em concessões de crédito, ou R$ 3,2 bilhões, segundo o Banco Central, mas nos últimos 12 meses as concessões avançaram apenas 2,8%. Já as concessões de crédito para pessoas físicas caíram R$ 4,2 bilhões entre julho e agosto (-2,6%), aumentando 12,2% em 12 meses.
Os números ajudam a explicar um fato positivo - a diminuição média de 0,3 ponto porcentual nos juros e nos spreads bancários (diferença entre o custo de aplicação e o custo de captação), entre julho e agosto. A redução não se deveu apenas à queda do compulsório, mas também à demanda ainda fraca.
Além disso, a evolução dos empréstimos continua a depender muito das operações direcionadas (que aumentaram 1,5% no mês e 19% em 12 meses) e do crédito oficial (os bancos públicos já participam com 53% do crédito total, ante 32,2% dos bancos privados nacionais e 14,8% dos estrangeiros). Outro fator determinante foi a oferta de crédito imobiliário, cujos saldos cresceram 2% no mês e 27,4% em 12 meses, lideradas pelos empréstimos com taxas reguladas. Mas as concessões de crédito imobiliário com recursos das cadernetas e do FGTS e taxas reguladas caíram 6,2% no mês, de R$ 10,7 bilhões para R$ 10 bilhões.
O governo não conseguiu aumentar a oferta de crédito como pretendia com a redução dos recolhimentos compulsórios. Mas as autoridades parecem não desistir de estimular o consumo via crédito, como se constata pelo anúncio, na semana passada, de que os prazos de concessão do crédito consignado a aposentados passarão de 60 meses para 72 meses. A medida é questionável, pois ameaça comprometer ainda mais a renda das pessoas idosas.
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