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Redução na renda impulsiona calote

Pagamento das prestações começa a atrasar quando o orçamento diminui

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Por Redação
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Quando a renda diminui, o pagamento das dívidas maiores é o primeiro a ser cortado. A vendedora de seguros Adriana Álvares, de 30 anos, começou a atrasar o financiamento da casa em 2007, quando ela e o marido ficaram desempregados. A parcela de R$ 880 era a mais cara do orçamento doméstico. Adriana comprou o sobrado em que vive com o marido e os dois filhos há seis anos. O imóvel de dois quartos, localizado em São Bernardo do Campo, foi financiado em 20 anos. Enquanto estava desempregada, teve de vender o automóvel para sustentar a casa. "Tinha atrasado duas parcelas do carro e outras quatro da casa, aí resolvi vender para pagar tudo", diz Adriana. Ela quitou parte da dívida com o valor do veículo e incorporou o saldo devedor restante ao financiamento. Neste ano, ela e o marido começaram a trabalhar e honrar os pagamentos. Mas há dois meses Adriana voltou a ficar inadimplente, depois que as comissões diminuíram. "Vendo seguros para empresas pequenas, que deixaram de comprar com essa crise", diz. Em novembro, deve receber metade do que ganhou no mês passado. Adriana se preocupa com o financiamento longo pela frente. A situação só não é pior porque o marido conseguiu um emprego no meio do ano. "Nós dividimos todas as contas." Marcos Vinícius do Nascimento, de 32 anos, vive situação semelhante. Deixou de pagar a prestação do automóvel há três meses, desde que perdeu o emprego como vendedor. "Eu não ia deixar de comprar o leite de meu filho para pagar a parcela de R$ 527 do carro." Ele comprou um Palio 1997 há dois anos. Na época, deu R$ 1 mil de entrada e financiou o restante em 36 prestações fixas, das quais pagou 24. Agora vai recorrer ao décimo terceiro salário da esposa para pagar a parcela que vence em 2 de dezembro. "Se eu atrasar a quarta prestação, eles tomam meu carro", diz Nascimento. O atraso nas parcelas do veículo é o que mais preocupa. Ele tem dívidas menores com as Casas Bahia e o Banco do Brasil. Com o banco, já conseguiu alongar o prazo de pagamento. "Comecei todos os financiamentos na mesma época, em 2006." Ele reconhece que faltou planejamento financeiro. "Fiquei empolgado com as comissões e não pensei em como faria para pagar." Nascimento, que vive com a mulher e o filho em Itaquera, zona leste de São Paulo, quer encontrar um emprego e limpar o nome. "Quero entrar em 2009 com o pé direito." O problema, diz, vai ser encontrar trabalho enquanto estiver inadimplente. "Já perdi trabalho por causa do nome sujo", lamenta.

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