Depois que a inversão do período da colheita se mostrou viável na região, o projeto da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) deixou de ser de desenvolvimento da cultura e passou a ser a vinificação. Agora, os pesquisadores partem para uma denominação de origem para os produtos – como a que estampa os vinhos da região de Bordeux e outras, na França.
Para chegar a esse objetivo, a Epamig tenta determinar se será possível encontrar marcadores comuns a esses vinhos, que sirvam de base para uma indicação de procedência e, num futuro, de uma denominação de origem. Os pesquisadores admitem, no entanto, que será preciso percorrer um longo caminho para chegar a este objetivo.
“O governo de Minas Gerais nos apoiou num projeto de estudo do perfil agronômico e qualitativo do syrah, em diferentes regiões do Sudeste brasileiro”, diz Murillo de Albuquerque Regina, da Epamig. “Estamos vendo como essa uva se expressa em Pinhal, Itambi, Itaipava e outras cidades, sempre com vinhos que estão no mercado.”
A iniciativa, porém, pode ser precoce para um lugar no qual as vinhas sequer atingiram a maturidade. “A discussão sobre o controle de origem tem afetado todos os produtores do Novo Mundo, mas, na verdade, significa um mérito”, explica Marcel Miwa, especialista em vinhos. “Sem tantas amarras, é possível adotar apenas o que é bom e experimentar, sem estreitar as opções.”
Uma eventual denominação de origem ajudaria na divulgação das bebidas feitas na região. Os produtores já estão se unindo para criar uma associação, a Aprovin, para fazer o marketing dos vinhos de colheita de inverno. A média dos preços dos vinhos que saem dos parreirais de Minas e São Paulo está hoje em R$ 50 (para vinhos brancos) e em R$ 70 (para os tintos).