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Regime de metas para inflação é adequado para política monetária, diz Tombini

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta sexta-feira que o regime de metas de inflação tem sido instrumento "adequado" para a condução da política monetária no Brasil por ser simples, transparente e de fácil aferição. Tombini também demonstrou ceticismo quanto ao uso dos balanços patrimoniais dos bancos centrais devido ao risco financeiro que esse instrumento traz. No encerramento do seminário de "Metas de Inflação", no Rio de Janeiro, Tombini usou o discurso para fazer uma defesa do regime de metas e dizer que mesmo com os choques de preços sofridos nos últimos anos, inflação manteve-se sob controle. "O regime de metas para a inflação é um compromisso claro com a estabilidade de preços, mas detém flexibilidade suficiente para absorver choques econômicos, minimizando desvios abruptos do produto em relação ao seu potencial", afirmou. Os comentários do presidente do BC foram feitos em um contexto em que a inflação brasileira continua alta, flertando com o teto da meta de 6,5 por cento, mesmo após a autoridade monetária ter iniciado o aperto nos juros em abril do ano passado, retirando a taxa Selic da mínima histórica de 7,25 por cento ao ano e levando-a para o atual patamar de 11 por cento ao ano. Em seu pronunciamento, Tombini disse que o conjunto de políticas monetária e financeira formado, além do regime de meta, por câmbio flutante, reservas internacionais, regulação e supervisão prudenciais é robusto. "O nosso arcabouço de políticas monetária e financeira é resiliente. Foi testado em diversas situações adversas e se mostrou sólido, eficiente e com flexibilidade suficiente para se adaptar a cada contexto. Por isso, temos tranquilidade para atravessar esse período de transição da economia mundial", afirmou. Ele mencionou que a economia mundial continua em transição, mas lembrou haver sinais de recuperação mais sólida. Nesse contexto, questionou qual será a nova relação de equilíbrio entre crescimento, inflação e desemprego com a normalização das políticas monetárias nos países desenvolvidos. Tombinou indagou se instrumentos não convencionais de política monetária, como o uso dos balanços patrimoniais dos bancos centrais, continuarão a fazer parte das ferramentas das autoridades monetárias mundiais. "Em relação à utilização do balanço do banco central, eu, particularmente, sou um pouco mais cético, pois identifico alguns riscos. O principal deles, o risco financeiro que esse instrumento impõe ao balanço." Desde o início da crise, por exemplo, o balanço patrimonial do Federal Reserve, banco central dos EUA, quadruplicou, para mais de 4,2 trilhões de dólares, por meio de três diferentes programas de compras de ativos, chamados também de quantitative easing.

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Por Redação
Atualização:

(Reportagem de Alonso Soto)

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