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Regulação do setor de telefonia é falha, dizem especialistas

Problema da regulação brasileira é não incluir os serviços de internet de banda larga no sistema de concessão pública, avalia Associação Proteste

Por Mariana Sallowicz e Vinicius Neder
Atualização:

Com mais ou menos concorrência, qualidade nos serviços e preços justos no mercado de telecomunicações são itens que dependem da regulação. No Brasil, essa história começou com a privatização das empresas estatais que operavam os serviços de telecomunicações, no fim dos anos 1990.

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Atualmente, falhas na regulação são apontadas tanto por empresas quanto por entidades de defesa dos consumidores. Para a advogada Flávia Lefèvre, conselheira da Associação Proteste, especializada no setor de telefonia, um grande problema da regulação brasileira é não incluir os serviços de internet de banda larga no sistema de concessão pública, e sim no rol dos serviços privados.

Assim, as exigências e metas de universalização são mais leves e a infraestrutura física não é considerada reversível nos contratos – ou seja, não volta para o governo ao fim da concessão.

Já o conselheiro da Anatel Igor de Freitas avalia que há atualmente "excesso" e "certa distorção do conjunto de regras" impostas às empresas. Freitas diz que um dos problemas diz respeito justamente à reversibilidade, aplicável nos serviços prestados sob o sistema de concessão, como telefonia fixa, como é o caso da Oi e da Telefônica.

"O nosso modelo atual não incentiva as concessionárias a investir, por exemplo, em fibra ótica. Há o receio de que, após substituir a malha de cobre por fibra ótica, a estrutura pode ser considerada reversível ao fim da concessão", diz. "Daí, a empresa só teria mais dez anos para explorar. Ela gasta bilhões de reais e corre o risco de ter que devolver esse patrimônio."

Na visão do conselheiro da Anatel, a reversibilidade não é mais aplicável e deve ser discutida na renegociação dos contratos de telefonia fixa, neste ano. As discussões sobre os contratos são feitas a cada cinco anos.

A advogada da Proteste também critica o modelo econômico do setor de telecomunicações brasileiro, em que as mesmas empresas são donas da infraestrutura e operam os serviços. "No Reino Unido, por exemplo, a operação das redes está na mão de empresas incumbentes, mas há regras muito claras de compartilhamento com os prestadores de serviços", compara Flávia. / M.S. e V.N.

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