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ANÁLISE: Relações entre Azul e TAP apontam para futuro promissor

Por Jorge Eduardo Leal Medeiros
Atualização:

A TAP foi comprada não pela Azul ou por David Neeleman, mas pelo consórcio Gateway, que também tem como sócios o grupo português de transporte de ônibus Barraqueiro, do empresário Humberto Pedrosa, e fundos financeiros. A vivência bem-sucedida de Neeleman em transporte aéreo soma-se à de transporte terrestre (rodo e ferroviário) de Humberto Pedrosa, uma configuração já vista no Brasil, com as experiências da Gol-Grupo Áurea (bem-sucedida) e da Vasp-Grupo Canhedo (malsucedida). Como o transporte aéreo é multimodal, no Brasil a Azul alimenta seus voos com transporte gratuito por ônibus entre várias cidades e sua base de Viracopos. Empresas aéreas apenas domésticas enfrentam variações sazonais de demanda com mais dificuldade do que as com voos internacionais, uma vez que estes alimentam trechos domésticos. Também empresas internacionais fazem acordos oferecendo a seus passageiros destinos que não apenas os de seus voos no Brasil, e as parcerias da Gol com a Delta ou da TAM com a American Airlines comprovam isto. Assim, combinar voos domésticos e internacionais é vantajoso, mas apenas a partir de um certa quantidade de operações. A Azul só iniciou voos internacionais para os Estados Unidos quando já tinha muitas operações domésticas, sendo a empresa que opera em mais cidades no Brasil. E agora pode estreitar relações com a TAP, a empresa com mais voos internacionais no Brasil (84 frequências para 12 cidades), o que aponta para um futuro promissor. Mas quem representará a Star Alliance no Brasil? Com a saída da TAM, ela ficou sem afiliada no terceiro maior mercado doméstico do mundo, situação que mudará com a entrada, em julho, da Avianca. A Azul não está em nenhuma aliança, mas a TAP é da Star. Poderemos vir a ter duas empresas Star no Brasil? Provavelmente, TAP e Azul manterão suas identidades, a Azul adaptando seus horários aos da TAP (voos longos têm menos possibilidade de mudar horários), fazendo alimentações recíprocas de passageiros, o que também poderá ocorrer entre a TAP e a Jet Blue nos EUA, fundada por Neeleman. Com tudo isso, melhora a possibilidade de, finalmente, ocorrer a muito adiada abertura de capital da Azul.* Professor de transporte aéreo e aeroportos da USP e presidente da Abraset

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