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Relator vota pela aprovação das operações da Vale, com restrições

Por Agencia Estado
Atualização:

No megajulgamento iniciado hoje pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de sete operações bilionárias da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) realizadas entre 2000 e 2001, o conselheiro Ricardo Cueva, após terminar a leitura de seu relatório, votou pela aprovação das operações feitas pela Companhia, mas sugeriu duas restrições. A primeira delas prevê a eliminação da cláusula de preferência da Vale em adquirir o minério de ferro da mina Casa de Pedra, pertencente à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A segunda restrição sugerida por Cuevas é a modificação na participação da Vale na ferrovia MRS Logística, que liga as minas localizada no estado de Minas Gerais até os portos de Sepetiva e Ilha de Guaíba e Porto de Santos. Antes do início do julgamento, já se previa que a questão mais polêmica em jogo seria a logística. A Vale controla as ferrovias por onde é escoada a produção de minério de Minas Gerais para os portos no Sudeste do País. Ganhou esse poder de fogo ao adquirir cinco mineradoras que tinham participação acionária nas linhas. O Cade vai decidir se essa condição dá ou não à Vale o poder de prejudicar suas concorrentes. Caso importante O caso é considerado um dos mais importantes da história do Cade e comparado à fusão entre as cervejarias Brahma e Antarctica e ao polêmico veto imposto à compra da Chocolates Garoto pela Nestlé. O conjunto de operações está sendo avaliado pelos órgãos de defesa da concorrência no País há quatro anos e o Cade é a esfera final de análise. Com a aproximação do julgamento, intensificaram-se as reuniões, debates e troca de acusações entre executivos e advogados da CVRD e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O presidente da Vale, Roger Agnelli, disse publicamente que qualquer restrição aos negócios da Vale prejudicará a integração de minas-ferrovias-portos, considerada essencial ao desempenho da mineradora. O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, elevou o tom e passou a defender a rejeição pelo Cade de todas as operações, para reduzir o "monopólio da Vale". O que será julgado? O julgamento envolve cinco aquisições de mineradoras independentes - Socoimex, Samitri, MBR, Ferteco e Belém - e o descruzamento de participações acionárias entre CSN e Vale em 1999. Após a privatização das companhias, os controladores da CVRD detinham ações da siderúrgica e vice-versa. Para encerrar o caso, as ações foram vendidas a outras empresas. Com as aquisições, a Vale aumentou a exploração de minério e a presença no comando de ferrovias e portos, que formam os corredores de transporte. A Vale, que já tinha 100% da ferrovia Vitória-Minas, passou a deter 38% da ferrovia MRS Logística. As duas levam aos portos de Sepetiba e Ilha de Guaíba, no Rio. A MRS faz ainda um terceiro caminho até Santos. Outro ponto da disputa é a Mina Casa de Pedra, propriedade da CSN, mas cujo excedente de produção de minério de ferro tem que ser preferencialmente oferecido à Vale. A negociação, feita à época do descruzamento de ações, tem validade de 30 anos.

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