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Relatório da Unctad critica a economia brasileira

Por Agencia Estado
Atualização:

Relatório da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento) observa que, apesar da pequena recuperação do comércio internacional em 2002, em relação ao ano passado, quando foi observada uma queda de 1%, o superávit na balança comercial brasileira não está relacionado ao aumento das exportações do País. Para os analistas da Unctad, a atual crise financeira internacional deixa evidentes as deficiências da economia brasileira, e a volatilidade do País. O comércio mundial deverá crescer entre 2% e 3% em 2002, segundo a entidade. Para a agência, a desvalorização do real, a perda do poder de compra das empresas e, portanto, a queda das importações, são os fatores que explicam o aparente bom desempenho das exportações brasileiras. Segundo a agência da ONU, liderada pelo brasileiro Rubens Ricupero, o saldo da balança deverá ficar próximo a US$ 10 bilhões neste ano, o que deverá compensar a queda nos investimentos diretos no País. Na avaliação da Unctad, a queda dos investimentos no Brasil foi de US$ 10 bilhões no primeiro semestre do ano, em comparação ao mesmo período de 2001. Em vez de apontar o superávit comercial como um desenvolvimento positivo no Brasil, a Unctad prefere alertar que a situação é similar ao cenário dos anos 80. "O cenário (do Brasil) lembra a expriência durante a crise da dívida nos anos 80, quando a queda na renda gerou um grande superávit na balança comercial", afirma a Unctad. Para piorar a situação, os preços das mercadorias que o Brasil exporta continuam em franca queda. Em geral, os produtos agrícolas devem ter uma redução de 10% no seu valor. O café terá queda de 2,8% neste ano. Já o açúcar apresentará uma diminuição de até 24%, enquanto o algodão e o tabaco devem sofrer queda de 8%. Um dos poucos produtos que segue uma tendência de alta é o cacau, cujo valor no mercado internacional poderá aumentar em até 50%. Outro item é o petróleo. Segundo a Unctad, um aumento de US$ 10,00 por ano no barril do petróleo geraria uma queda do PIB mundial de 0,3%. O fraco desempenho das exportações ainda é reforçado, segundo o estudo, pelas políticas fiscais e juros altos adotados no Brasil. Em geral, a Unctad lembra que as reformas econômicas dos últimos garantiram um controle da inflação, mas acabaram penalizando as exportações e deixaram o crescimento da economia dependente de entrada de capitais estrangeiros.

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