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Relatório de Inflação é destaque da agenda econômica

Por FRANCISCO CARLOS DE ASSIS E RICARDO LEOPOLDO
Atualização:

Espremida entre o Natal e a virada do ano, período em que o mercado praticamente paralisa suas atividades, a agenda de indicadores econômicos domésticos desta semana contará com um número exíguo de divulgações, mas um deles, o Relatório Trimestral de Inflação, deverá funcionar com uma espécie de bússola para os agentes do mercado econômico e financeiro. É a partir deste documento, que o Banco Central anunciará na próxima quinta-feira, que os analistas terão a exata noção da percepção da autoridade monetária para o desempenho econômico nos próximos meses, especialmente quanto à trajetória de inflação, que norteia os passos do Copom na condução da política monetária. O Relatório de Inflação é composto por projeções, não só de inflação, mas de outras variáveis que contribuem para a sua formação com base em dois cenários: o de referência e o de mercado. No cenário de referência, este feito pelo próprio BC, as previsões de inflação consideram estáveis as taxas do juro básico (Selic) e de câmbio. Já no outro cenário, o de mercado, as projeções são feitas levando em conta as variações previstas para as variáveis juro e dólar. No documento anterior, divulgado no final de setembro, o BC discorreu sobre suas percepções em relação ao comportamento da economia brasileira, do cenário internacional, desde o relatório divulgado em junho, e apresentou sua análise perspectiva para a inflação até o final do ano que vem e para o PIB de 2007. À época, pelo cenário de referência, que considerava a Selic fechando o ano em 11,25% e o dólar cotado a R$ 1,95, a expectativa do Copom para o IPCA em 2007 caiu de 3,80% para 3,50% e a previsão para 2008 recuou de 4,40% para 4,10%. Neste mesmo cenário, a expectativa para o crescimento do PIB subiu de 4,10% para 4,70%. Pesquisa Focus No cenário de mercado, a previsão de inflação para 2007 caiu de 4,00% para 3,50% e para o ano que vem, de 5,00% para 4,60%. Do lado dos juros, a Selic encontra-se em 11,25% ao ano e o dólar é cotado, a preços de hoje, a R$ 1,794. Mas na Pesquisa Focus, na sua última edição divulgada na segunda-feira passada, a mediana das estimativas dos analistas do mercado para o IPCA deste ano estava em 4,21% e a do próximo ano em 4,20%. A mediana do câmbio para 2007 estava em R$ 1,76% e para o próximo ano, em 1,80%. A Focus, cuja divulgação também é da competência do Banco Central, será anunciada amanhã, véspera do Natal. Esse relatório é elaborado pela Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin) do Banco Central e considera as medianas das expectativas de um grupo de aproximadamente 100 instituições financeiras para os principais indicadores da economia nacional e internacional. Balança, superávit e IGP-M Também amanhã o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informará o saldo da balança comercial referente à terceira semana de dezembro. Na semana anterior, a balança registrou um superávit de US$ 190 milhões, valor resultante de um total de US$ 3,332 bilhões em exportações e um volume em importações equivalente a US$ 3,142 bilhões. Ainda na quinta-feira, dois outros indicadores serão anunciados. O Banco Central informará o valor do superávit primário do setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais federais) referente a novembro. No mês anterior, o superávit havia sido de R$ 15,347 bilhões. O resultado fiscal do mês passado já contará com um superávit do Governo Central (BC, Tesouro e INSS) de R$ R$ 4,419 bilhões, valor largamente inferior aos R$ 10,011 bilhões apurados em outubro, mas que supera o teto das estimativas do mercado apurado pelo AE Projeções, de R$ 3,200 bilhões. Os analistas não supunham que o superávit fiscal do Governo Central fechasse em um valor tão elevado porque em novembro os poderes legislativo e judiciário pagaram a primeira metade do 13º salário dos seus servidores. No mesmo dia, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informará a taxa de inflação de dezembro no âmbito do IGP-M. Os IGPs, de modo geral, têm sido sobremaneira pressionados, principalmente, pelos preços agrícolas. Preços como o do feijão têm sido reajustados à razão de mais de 30,00% ao mês e já acumulam alta de mais de 150,00% no ano. EUA No front externo, destaque para a divulgação na quinta-feira nos Estados Unidos dos números relativos às encomendas de bens duráveis em novembro, do índice de confiança do consumidor de dezembro e os estoques de petróleo e derivados apurados na semana passada. Na sexta-feira, o Departamento de Comércio informa os dados relativos às vendas de imóveis residenciais novos de novembro, um indicador importante para os analistas que estão atentos à evolução da forte crise que atinge o setor.

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