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Relatório de PEC no Senado livra fundos de extinção e determina onde governo aplicará recursos

Proposta faz parte do pacote do ministro Paulo Guedes e prevê a extinção de 248 fundos obrigatórios; texto deve ser votado em comissão no dia 19

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Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - O Senado se articula para diminuir a quantidade de fundos públicos que serão extintos na proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes. Além disso, os senadores querem determinar para onde o governo deve destinar os recursos que passarão a ficar sem os carimbos obrigatórios atuais. 

Plenário do Senado, em Brasília Foto: Dida Sampaio / Estadão

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos fundos faz parte do pacote de Guedes em tramitação no Senado e deve ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa no próximo dia 19. Nesta quarta-feira, 12, o relator do texto, Otto Alencar (PSD-BA), apresentou uma versão atualizada do parecer após sugestões de alterações.

A medida prevê a extinção de 248 fundos obrigatórios, que arrecadam recursos para diversos destinos carimbados, desde o financiamento de compra de café para produtores até a manutenção de penitenciárias. Com isso, será possível aplicar R$ 219 bilhões que estão "parados" nesses fundos para amortização da dívida pública da União. O relatório reduz a projeção para R$ 180 bilhões, de acordo com Alencar.

O relatório do senador propõe preservar a existência dos fundos destinados ao financiamento de exportações, do agronegócio e de investimentos em infraestrutura. Também livra os fundos instituídos pelo Judiciário, Tribunais de Contas, Ministério Público, Defensorias Públicas e pelas Procuradorias-Gerais dos Estados e do Distrito Federal.

Além disso, o parlamentar alterou a proposta do governo e retirou o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) da lista de extinção. O FAT banca o pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial.

Fundos constitucionais, como aqueles destinados à saúde, à educação e a financiamentos para Norte, Nordeste e Centro-Oeste, foram garantidos ainda na proposta do governo.

De acordo com o relatório, tanto os recursos para amortização da dívida quanto as receitas desvinculadas estarão livres do teto de gastos, ou seja, poderão gerar despesas com crescimento acima da inflação no ano anterior.

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No Senado, há pressão de alguns setores para a preservação de recursos carimbados. Após um pedido de cafeicultores, o relator da PEC disse ao Estadão/Broadcast que estuda livrar o Fundo Nacional do Café (Funcafé) do corte já na PEC.

O governo, porém, tenta impedir que a proposta garanta a permanência de fundos específicos. A PEC determina que o Congresso e as Assembleias Legislativas poderão garantir a manutenção dos fundos extintos, mas, para isso, precisarão aprovar leis complementares nesse sentido até o fim do ano seguinte à promulgação da medida.

Prioridades

A proposta original do governo prevê que parte das receitas que entram atualmente nos fundos e passarão a ser desvinculadas sejam usadas para erradicação da pobreza e investimentos em infraestrutura.

O relatório amplia a destinação desses recursos para rodovias, ferrovias, interiorização de gás natural, segurança de fronteira, revitalização do Rio São Francisco e projetos de pesquisa e desenvolvimento científico.

O parecer obriga, ainda, o governo a encaminhar anualmente ao Congresso Nacional uma prestação de contas sobre a destinação desses valores. 

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