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Relatório do BC indica fim do ciclo de queda dos juros

Projeção para a inflação deste ano foi elevada de 3,5% para 4% e previsão de alta do PIB foi mantida em 4,7%

Por Fabio Graner e Gustavo Freire
Atualização:

A queda dos juros nos Estados Unidos, a valorização do real e a desaceleração no ritmo de alta dos alimentos não foram suficientes para que o Banco Central abandonasse seu tom conservador. O Relatório Trimestral de Inflação, divulgado ontem, mostrou projeções mais elevadas para os índices de preços e reforçou as preocupações do BC com o impacto provocado pela atividade econômica interna. Com isso, os analistas financeiros estão cada vez mais convictos de que o ciclo de queda nos juros está perto do fim, se já não acabou. Ouça a análise de Celso Ming O relatório do BC destaca que a maior preocupação é a possibilidade de a oferta de produtos não atender, no futuro, a procura provocada pelo crescimento do País. A razão dessa preocupação, segundo o BC, é que os investimentos, apesar do ritmo acelerado de expansão, não estão subindo o suficiente para acabar com o risco de inflação por demanda excessiva. Tanto que o relatório afirma que a utilização da capacidade instalada na indústria está em níveis só vistos em fases de aceleração nos preços. ''''O investimento cresce, mas não impede a trajetória de elevação do uso da capacidade instalada'''', disse o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita. Ele salientou ainda que a procura por bens no mercado interno está subindo mais que o Produto Interno Bruto (PIB), cuja previsão de alta foi mantida em 4,7% no relatório. O BC prevê alta de 6% no consumo das famílias. ''''Para nós, esta é a dica para uma pausa (na queda dos juros)'''', escreveu em relatório para clientes o economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, que não espera mais cortes na Selic este ano. ''''O ritmo forte da demanda doméstica é a principal razão para preocupação'''', avalia Salomon. ''''O texto é claro em colocar dúvidas de que o BC prosseguirá a redução da taxa Selic já na próxima reunião'''', diz relatório do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A mensagem conservadora do relatório também esteve presente na entrevista de Mesquita, que destacou a necessidade de o BC se antecipar a possíveis problemas. Ele afirmou que os bancos centrais devem dar menor atenção à inflação corrente e se voltar mais ao comportamento da inflação porque a política monetária opera com defasagem de cerca de nove meses. No relatório, o BC revisou de 3,5% para 4% a previsão de inflação para 2007 no cenário de referência, que considera juros constantes em 11,25% ao ano e taxa de câmbio a R$ 1,95. Para 2008, neste cenário, a projeção para o IPCA subiu de 4,1% para 4,2%. Segundo Mesquita, há pouco a fazer para a inflação deste ano. ''''O foco é 2008.'''' No cenário de mercado, em que o BC leva em conta as previsões de juro e câmbio de analistas financeiros, a projeção de inflação subiu de 3,5% para 3,9%. Para 2008, caiu de 4,6% para 4,3%.

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