30 de junho de 2011 | 00h00
No seu sumário executivo, o Banco Central (BC) fala de um cenário com recuperação em ritmo mais moderado, com contribuição também moderada do crédito para a expansão dos investimentos e do consumo - num mercado de trabalho também aquecido que dá sinais de moderação - e com um comércio exterior se expandindo, mas com inflação em alta em 2011, em razão da elevação dos preços livres e administrados. Todavia, no capítulo mais interessante, tem de reconhecer que o Brasil está vivendo num clima de grande incerteza, certamente acima da usual.
Partindo do fato de que a economia mundial entra num ritmo de recuperação muito moderado, afetada pelo aumento dos preços das commodities, o BC constata que esse aumento também afetou a economia brasileira e que o recuo atual dessa pressão obriga a pensar que ela voltará no próximo ano. Embora o País se aproveite dos preços dos produtos importados, isso aumenta o descompasso entre a oferta e a demanda.
O relatório dá grande importância aos efeitos de reajustes salariais acima dos ganhos de produtividade, favorecidos por uma situação de quase pleno emprego, especialmente no setor dos serviços. E aponta o risco de que a elevação dos preços no atacado alimente a expectativa dos formadores de preços no varejo.
O BC mais uma vez aplaude o processo de consolidação fiscal, desprezando o fato de que é o aumento das receitas - mais do que o corte das despesas - que permitirá atingir o objetivo de superávit primário. No entanto, atualmente, deveria dar maior atenção ao resultado nominal das contas públicas.
Os autores do relatório reconhecem que a moderação do crédito é um fator importante, mas parecem satisfeitos com os 15% de crescimento, muito acima do PIB, e destacam o perigo de um excesso de empréstimos externos.
Sem dúvida, é o nível de incerteza que levou o Banco Central a rever suas previsões para 2012, levando em conta que o IBC-BR de 3,3% permite, com o carry-over, um crescimento do PIB de 4% e também que não se pode apostar na continuidade da austeridade fiscal num governo que quer crescimento econômico maior.
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