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Remuneração variável exige mais transparência

Remuneração variável pode ser mecanismo difícil de semanusear. Ferramenta de pagamento de executivos tem sido posta à prova com escândalos nos EUA.

Por Agencia Estado
Atualização:

A remuneração variável para os administradores das empresas - mecanismo de governança corporativa considerado positivo e moderno - pode estar se tornando uma ferramenta difícil de manusear. Vista como uma maneira de alinhar os interesses de acionistas e administradores, a prática tem sido posto à prova nestes tempos de escândalos contábeis nos Estados Unidos, onde os executivos denunciados tinham remuneração atrelada ao desempenho das companhias. Alguns especialistas acreditam que as empresas que adotam essa prática podem estar mais sujeitas a fraudes, mas destacam que as realidades brasileira e americana são muito diferentes. O consultor e coordenador do curso de governança corporativa do Ibmec Educacional, Antônio Carlos Vidigal, explica que nos EUA o controle das empresas é pulverizado e os executivos acabam indicando os membros do conselho de administração. Nesse caso, o dever de fiscalizar as ações dos órgãos executivos fica comprometido. Aqui, o controle nas empresas é definido e o dono monitora de perto o andamento do negócio. "No Brasil, o controlador indica os membros do conselho e escolhe pessoas de sua total confiança." O diretor de investimentos da Bradesco Templeton, Mauro Cunha, lembra que no Brasil a remuneração da diretoria é definida em assembléia de acionistas. Embora o controlador detenha mais votos, os demais acionistas tomam conhecimento dos rendimentos dos executivos e podem questioná-los. O presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon), Pedro Coelho Neto, acredita que a pulverização do capital das companhias eleva o poder dos administradores. Uma saída apontada pelo especialista para coibir ilegalidades nos balanços, forjadas com o objetivo de elevar rendimentos, é que o auditor independente se reporte diretamente ao conselho de administração, e não à diretoria, como normalmente acontece. Para Leonardo Viegas, um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o fato de um mecanismo de governança ter sido desvirtuado não significa que ele é ruim. "Quando falamos de megaempresas e valores crescentes, incentivos de performance podem virar a cabeça dos executivos. Às vezes, até as melhores práticas são desvirtuadas, mas isso não é motivo para desprezá-las." Segundo ele, escolher um conselho de administração participativo e com membros independentes está entre as medidas que podem ser tomadas para tentar evitar práticas ilegais.

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