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Renault quer lucratividade e não volume de vendas no Brasil, diz presidente mundial da montadora

Segundo Luca De Meo, estratégia do grupo para os próximos cinco anos é focar na produção de veículos mais caros; na filial brasileira, o carro mais vendido é o Kwid, com preço na faixa de R$ 50 mil

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O presidente mundial da Renault, Luca De Meo, disse nesta quinta-feira, 14, que a estratégia do grupo para os próximos cinco anos é focar na produção de veículos de maior lucratividade, ou seja, mais caros, desafio que se estende também à filial brasileira, que hoje tem o Kwid, um carro de entrada na faixa de R$ 50 mil, como o mais vendido da marca. “Vamos direcionar nosso negócio da participação de mercado para a lucratividade”, afirmou.

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Ao divulgar o novo plano quinquenal para o grupo, De Meo citou que o Brasil vem apresentando melhora na “qualidade do negócio” e que a matriz estuda novos produtos para a fábrica de São José dos Pinhais (PR). “Ganhar participação do mercado não é prioridade (para a filial), mas sim buscar lucratividade e dar uma contribuição maior para os negócios da companhia.”

Desde o ano passado a Renault do Brasil foi liberada da meta estabelecida em 2017 pelo então dirigente da montadora, Carlos Ghosn, em sua última visita ao País, de buscar uma fatia de 10% do mercado local. Em 2019 a marca estava perto de atingir o objetivo, ao fechar o ano com 9% de participação nas vendas de automóveis e comercias leves.

Segundo o presidente da Renault, Luca De Meo, matrizestuda novos produtos para a fábrica de São José dos Pinhais (PR). Foto: Benoit Tessier/Reuters - 15/10/2020

Livre da meta, no ano passado a empresa reduziu consideravelmente as vendas diretas (feitas a frotistas e locadoras a preços com baixa margem de lucro) e fechou 2020 com fatia de 6,8% do mercado, com 131,6 mil unidades vendidas, resultado com impactos também da crise provocada pela covid-19, que levou a uma queda de 26% nas vendas totais do mercado brasileiro.

Investimentos a caminho

A Renault deve anunciar nos próximos meses um novo plano de investimentos no País já visando a nova estrutura do grupo, que definiu plataformas conjuntas de produção com a aliança global que inclui Nissan e Mitsubishi. Nesta quinta, De Meo afirmou que 80% dos lançamentos previstos para os próximos cinco anos serão produzidos em três plataformas comuns, o que reduz custos e melhora a eficiência. Serão modelos serão elétricos e híbridos.

De Meo, ex-executivo da Fiat e da Volkswagen, assumiu o posto em julho, meses depois do escândalo que envolveu o executivo franco-brasileiro Ghosn, que foi preso e, quando obteve liminar para sair, fugiu para o Líbano.

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Ele citou em entrevista a um grupo de jornalistas, após a apresentação do novo plano - batizado de Renaulution, em alusão à palavra revolução - que, “infelizmente” foi preciso reduzir um turno de trabalho na fábrica brasileira, que resultou no corte de 470 vagas. Hoje a montadora francesa emprega 6,5 mil funcionários.

Alpine substitui Renault da F1

No projeto divulgado no ano passado, a companhia estabeleceu o corte de 10 mil empregos mundialmente e uma economia de € 2 bilhões em custos fixos até 2022. De Meo acrescentou mais € 1 bilhão na conta para até 2025. Além disso, informou que, ao usar plataformas compartilhadas, o custo de produção de cada automóvel da marca deve cair € 600 também ao logo de cinco anos.

O plano apresentado nesta quinta inclui a decisão de reduzir a capacidade produtiva das plantas de 5 milhões para 3,6 milhões de unidades ao ano. Líder em vendas de carros elétricos na Europa, a eletrificação da gama de produtos da marca também passa a ser prioridade, assim como a recuperação e geração de margens de lucro.

Outro anúncio foi que a marca Renault será substituída na Fórmula 1 pela Alpine, justamente para divulgar a marca de luxo da companhia. O grupo detém também as marcas Dacia e Lada.

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