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Renda do trabalhador brasileiro caiu 3,9% em 2001

A queda no rendimento médio real foi crescente ao longo de 2001, passando de 1,1% em janeiro para 8,9% em dezembro. A perspectiva para este ano, segundo especialistas, é que o rendimento médio real, na melhor das hipóteses, recupere as perdas registradas no ano passado

Por Agencia Estado
Atualização:

O rendimento médio real do trabalhador brasileiro encolheu 3,9% no ano passado ante 2000, confirmando a tendência de redução ininterrupta desde 1999. Houve diminuição da renda em todos os meses do ano ante iguais períodos do ano anterior, e a maior retração foi registrada nos rendimentos dos trabalhadosres com carteira assinada (-4,9%), segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda no rendimento médio real foi crescente ao longo de 2001, passando de 1,1% em janeiro para 8,9% em dezembro. A perspectiva para este ano, segundo especialistas, é que o rendimento médio real, na melhor das hipóteses, recupere as perdas registradas no ano passado. "Não consigo prever uma grande reação no rendimento, e se fecharmos o ano zero a zero será um grande resultado", avalia o economista da MCM, Nilton Rosa. Menos otimista, a economista da Tendências Consultoria, Zeina Latif, não acredita que as perdas sejam totalmente repostas. Taxas de expansão tímidas A gerente de análise do Departamento de Emprego e Rendimento do IBGE, Shyrlene Ramos de Souza, observa que o desempenho da renda está diretamente ligado ao crescimento econômico e ao aumento de contratações e, em ambos os casos, as taxas de expansão estão tímidas no País. "O salário é uma integração entre oferta e demanda, o poder de barganha dos trabalhadores está menor", diz ela. Rosa, que espera para este ano crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de 2%, já levando em conta o fim do racionamento de energia elétrica, o recuo dos juros e o câmbio apreciado, diz que seria necessária uma forte recuperação no mercado de trabalho para que o rendimento voltasse a crescer. Zeina explica que o ajuste feito pelas empresas no ano passado foi no nível de rendimento, não no emprego. Portanto, na sua análise, há mão-de-obra ociosa. Com a reativação do ritmo de atividade, esses trabalhadores serão melhor aproveitados nas empresas, sem que ocorra crescimento no número de contratações e no rendimento médio real. O economista da MCM acrescenta a esse prognóstico o fato de os sinais de reativação no ritmo de atividade ainda serem tímidos. "O pior já passou, mas a máquina ainda não conseguiu ganhar velocidade", diz ele. Pesquisa do IBGE mostra que desde o início do Real, o rendimento apresentou crescimento entre 1994 e 1997, sendo que a taxa recorde foi registrada em 1995 (11%). Em 1998 o índice ficou constante, passando então a cair em 1999 (-5,5%), em 2000 (-0,6%) e no ano passado.

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