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Renda per capita Argentina já é menor que a brasileira

Por Agencia Estado
Atualização:

A renda per capita anual argentina já não é a mais alta da América Latina. Com a desvalorização do peso, a moeda nacional, a Argentina passou para o sexto lugar no ranking da renda per capita latino-americana. De possuir o equivalente a US$ 8.950,00, caiu para US$ 3.197,00. Se, nas próxima semanas, o peso continuar sua queda em relação ao dólar, a Argentina poderia retroceder mais ainda, e ficar atrás do Panamá - país que está nos calcanhares argentinos, com uma renda per capita de US$ 3.080,00. O anúncio da repentina decadência argentina foi feito pela consultora Equis, um dos principais centros do país no estudo da pobreza e desemprego. Segundo a Equis, o Uruguai tornou-se o país com a maior renda per capita da região, com US$ 6.130,00 por ano, enquanto que o Chile é o segundo país, com US$ 4.820,00 anuais. O Brasil, afirma a consultora, está em terceiro lugar com US$ 4.790,00. Logo depois viria o México, com US$ 3.070,00, e a Venzuela, com US$ 3.480,00. "O número de desempregados neste país já está entre 22% e 23%". A afirmação foi feita pelo diretor da Sociedade de Estudos Trabalhistas (SEL), Ernesto Kritz. "Calculo que o desemprego esteja crescendo 1% por mês" afirma o especialista, que também alerta para as conseqüências da desvalorização da moeda nacional: "a desvalorização, feita em um cenário com um elevado desemprego, torna impossível que ocorram aumentos salariais para compensar a alta dos preços dos produtos". Segundo Kritz, a promessa do presidente Eduardo Duhalde, de que a recessão terminaria antes do dia 9 de julho, data da independência argentina, está fora da realidade. "Isso seria muito difícil. Não há possibilidade de sair rapidamente da recessão". Kritz sustenta que "é inevitável que a desvalorização da moeda tenha um efeito de destruição de postos de trabalho nos setores que não estão vinculados às exportações. E esses setores constituem 90% da atividade econômica, e 85% dos postos de trabalho". O temor ao desemprego e a falta de perspectivas de recuperar um padrão de vida que há 30 anos era equivalente ao de muitos países europeus, o estresse causado pelas sucessivas reduções salariais e o dinheiro preso dentro do "corralito" (como é denominado o semi-congelamento de depósitos bancários, em vigência desde dezembro), fizeram com que grande parte dos argentinos estejam constantemente à beira de um ataque de nervos. Segundo a seção de psicopatologia do Hospital Álvarez, um dos principais de Buenos Aires, com este cenário de decadência econômica e nenhum horizonte otimista, o número de pedidos para atendimentos psiquiátricos aumentou 30%. As diversas políticas econômicas aplicadas pelos ex-ministros da Economia José Luis Machinea e Domingo Cavallo e o atual ministro Jorge Remes Lenicov levaram os argentinos a ataques de pânico e depressão, e a um consumo sem precedentes de remédios antidepressivos. Ranking renda per capita na América Latina Uruguai 6.130 Chile 4.820 Brasil 3.700 Venezuela 3.480 Argentina 3.197 Panamá 3.080 Costa Rica 2.680 Colombia 2.610 Peru 2.180 Paraguai 2.000 El Salvador 1.810 Equador 1.570 Bolívia 970 Nicarágua 410 Fonte para os dados, relatório da Consultora Equis Leia o especial

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