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Rendimento da população tem maior alta desde Plano Real

Renda média sobe 7,2% em 2006, melhor variação na série do Plano Real; Nordeste tem o maior aumento

Por Jacqueline Farid e da Agência Estado
Atualização:

O rendimento médio real dos trabalhadores do Brasil registrou, em 2006, o maior aumento anual apurado desde o início do Plano Real. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada nesta sexta-feira, 14, o rendimento médio subiu 7,2% em relação a 2005, aumento superior ao apurado em 2004 (4,6% em relação ao ano anterior) e a maior variação na série de rendimento do Plano Real, iniciada em 1995. De 2004 para 2006, o rendimento médio subiu 12,1%. Veja também: Desemprego em 2006 é o menor em 10 anos, aponta Pnad População do País está envelhecendo, aponta IBGE Acesso à internet cresce mantendo disparidades regionais Número de brasileiros cursando ensino superior cresce 13,2% Em termos regionais, o maior aumento no rendimento médio real do trabalho apurado em 2006 ante 2005 ocorreu no Nordeste (12,1%) e no Norte (7,1%). A coordenadora de emprego e rendimento do IBGE, Márcia Quintslr, explicou que o ganho real de 13,3% do salário mínimo em 2006, ante o ano anterior, foi um dos fatores determinantes para o aumento da renda média do trabalho no período. Para Márcia, como a maior parte dos rendimentos atrelados ao salário mínimo está na parcela de renda mais baixa dos trabalhadores, no ano passado, tal como já tinha sido observado em 2005, o aumento real do mínimo contribuiu para uma nova redução na concentração dos rendimentos do trabalho. Concentração O ano de 2006 mostrou ainda uma continuidade da trajetória de "redução suave" da concentração de rendimentos no País. O índice de Gini (medida internacional para o nível de desigualdade, para a qual a concentração é maior quanto mais próximo o índice está de 1, e menor quanto mais perto de zero) observado no País foi de 0,547 em 2004, caiu para 0,543 em 2005 e recuou para 0,540 em 2006. No entanto, apesar da melhoria nesse índice, Márcia Quintslr sublinhou que "prosseguimos num cenário de muita concentração do rendimento e com diferenças regionais ainda marcantes". Prova disso, segundo ela, é que mesmo com os avanços espelhados pelo índice de Gini, em 2006 os 10% da população ocupada de mais baixos rendimentos detiveram 1% do total dos rendimentos do trabalho, enquanto os 10% com os maiores rendimentos corresponderam a 44,4% do total das remunerações, situação muito parecida com a observada nos anos anteriores. Em 2004, essas parcelas do total foram 1% e 44,6% e, em 2005, de 1,1% e 44,7%, respectivamente. Além disso, o menor rendimento médio real mensal de trabalho em 2006 foi registrado no Nordeste, com R$ 565 (ainda que essa região tenha registrado forte aumento, de 12,1%, ante o ano anterior) e o maior no Sudeste, de R$ 1.027. Poder de compra Os trabalhadores que ganham menos foram os que registraram maior recuperação do poder de compra em 2006. A recuperação ocorreu para os 50% dos trabalhadores com rendimento mais baixo, parcela dos trabalhadores que tinha, em 1996, rendimento médio real mensal de R$ 267 e, em 2006, de R$ 293. Mas, para o total dos trabalhadores, incluindo todas as faixas de rendimento, ainda que tenha ocorrido o maior crescimento anual dos últimos anos, o rendimento médio real do trabalho não chegou, em 2006, ao patamar em que estava em 1996. Enquanto em 1996 o rendimento médio real mensal era de R$ 975, em 2006, era de R$ 888. Márcia explica que a recuperação do rendimento para as pessoas com salários mais baixos "decorreu, entre outros fatores, dos diversos aumentos reais do salário mínimo observados no período". Indagada se esses resultados teriam relação com os benefícios do programa Bolsa Família, ela lembrou que esses dados se referem ao rendimento do trabalho, mas admitiu que os efeitos indiretos do programa na economia podem ter contribuído para o resultado. Previdência A Pnad mostrou ainda que mais da metade (51,2%) da população ocupada do País não contribuía para a Previdência em 2006. Do total de 89,3 milhões de ocupados no País naquele ano, 43,6 milhões eram contribuintes e 45,7 milhões não-contribuintes. A pesquisa mostra, porém, que houve um aumento de 5,4% no número de trabalhadores contribuintes para a Previdência Social no ano passado, na comparação com o ano anterior. Além disso, houve uma evolução importante na fatia do total de ocupados que contribuíam para a Previdência entre 1996 (42,6%) e o ano passado (48,8%).

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