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Repasse de câmbio é inferior ao de 99

Nos últimos três meses, repasse da alta do câmbio foi menor do que a que ocorreu na desvalorização de 1999. Mas ainda pode haver repasse nos próximos meses.

Por Agencia Estado
Atualização:

O repasse do câmbio aos preços do consumidor nos últimos três meses está inferior ao ocorrido nos primeiros meses depois da mudança do regime cambial, em janeiro de 1999. No atacado, a inflação está quase no mesmo patamar nos dois períodos. Apesar de a transmissão dos aumentos para o varejo não estar sendo tão imediata, poderá ocorrer, ainda, gradativamente, nos próximos meses. O cenário foi traçado pelo coordenador de análise econômica da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "O câmbio é uma variável que ainda não está de todo equacionada", afirmou. Segundo o economista, nos últimos três meses, a inflação no atacado foi pouco acima de 10%. De fevereiro a abril de 1999 ficou perto de 12%. Apesar disso, a inflação dos preços comercializáveis (excluindo tarifas) está pouco acima de 2% no mesmo período deste ano e superou os 4,5% logo após a mudança do regime cambial. "Os repasses acontecem, mas o grau estão abaixo de um passado recente. Mas pode ser que o repasse não tenha acabado e venha a se intensificar. Já era para ter havido um aumento maior nos preços comercializáveis", afirmou Quadros, responsável pelos índices de inflação da FGV. O economista excluiu as tarifas do levantamento porque os contratos são reajustados uma vez por ano e o impacto do câmbio atual deverá aparecer no ano que vem. A avaliação de Quadros não significa que os aumentos de preços estejam longe dos consumidores. O próprio economista reconhece que os repasses de preços podem ser percebidos no dia-a-dia. A questão, explica o coordenador, é que os aumentos do varejo não têm sido tão fortes quanto no atacado e estão inferiores a um período recente. "Ou o desaquecimento da economia reduziu os repasses de preços ou eles vão ser mais espaçados, ao longo do tempo", disse. Para o futuro governo, Quadros considera difícil antever a evolução da inflação. "Superada a fase inicial de adaptação, ninguém sabe exatamente o que vai ser feito", comentou. No curto prazo, contudo, o economista não considera que possa ser feito algo diferente do que já vem sendo executado, do ponto de vista de política econômica. "É preciso ser cauteloso", ponderou, citando que a tradicional desconfiança pelo novo e com relação às origens do novo governo. "Na condução da política monetária vai ser difícil fazer alteração de imediato", completou.

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