PUBLICIDADE

Repsol ameaça ir à Justiça contra governo boliviano

A empresa classificou as ações do governo boliviano de "arbitrárias" e de "perseguição injustificada"

Por Agencia Estado
Atualização:

A Repsol YPF ameaça ir aos tribunais internacionais contra o governo boliviano para defender sua situação no país e seus compromissos com a Petrobras. Nesta segunda-feira, a empresa com sede em Madri emitiu um comunicado duro defendendo seu contrato de venda de gás ao Brasil, ameaçou parar de investir no país e classificou as ações do governo boliviano de "arbitrárias" e de "perseguição injustificada". A Repsol também informou ao Estado que está "estudando seriamente" a possibilidade de levar o governo boliviano a uma corte internacional de arbitragem. A companhia petrolífera espanhola está sendo acusada pelo governo de Evo Morales de ter vendido gás ao Brasil abaixo do preço estabelecido em um acordo em 2002. A venda teria ocorrido por meio de sua subsidiária na Bolívia, a Andina, e teria causado prejuízos ao país de cerca de 150 milhões de euros. Na última sexta-feira, o governo de La Paz determinou a invasão dos escritórios da companhia na cidade, além da apreensão de documentos e do pedido de prisão de um dos funcionários, Saul Miranda, que foi quem assinou o contrato com a Petrobras. Em seu comunicado, a empresa abandona qualquer tom de diplomacia e alerta que poderá "recorrer a todos os fóruns de justiça independentes, nacionais e internacionais, para defender seus direitos e de seus empregados". Diante do comportamento do governo boliviano, a empresa espanhola classificou as medidas de Morales como sendo "arbitrária e sem fundamento", além de "imprópria em um Estado de Direito". Para a Repsol, os contratos com a Petrobras são legais e sempre foram comunicados às autoridades bolivianas, à YPFB (empresa petrolífera da Bolívia) e aos funcionários do Fisco de La Paz. A companhia espanhola ainda nega que tenha gerado qualquer prejuízo à economia boliviana, já que pagou "todos os impostos estabelecidos por lei de acordo com o contrato assinado entre a YPFB e a Petrobras". Apesar de garantir que quer manter o diálogo com o governo local, o comunicado deixa claro que a Repsol não estaria disposta a se sujeitar a tais tratamentos e que poderia deixar a Bolívia. "Nesse momento, a companhia vê com crescente preocupação a falta de segurança jurídica que existe na Bolívia. Nessas condições, estima que seja muito difícil que se possa manter o necessário diálogo com as instituições bolivianas para buscar um marco estável que permita continuar o processo de forte investimento que precisa o desenvolvimento da indústria de hidrocarbonetos na Bolívia", ameaçou a Repsol.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.