PUBLICIDADE

Reservatórios do Nordeste em estado de alerta

O ONS vai propor a manutenção do alto nível de intercâmbio de energia para o Nordeste para reduzir a geração hidrelétrica na região

Por Wellington Bahnemann e RIO
Atualização:

A situação dos reservatórios da Região Nordeste é a que mais preocupa neste momento o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), afirmou ontem o diretor do órgão, Hermes Chipp. Hoje, os reservatórios da hidrelétrica da região operam com capacidade de armazenamento de 22,05%, a mais baixa de todo o País. Essa questão vai, até mesmo, ser um dos temas da próxima reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), na quarta-feira, em Brasília. Nessa reunião, Chipp informou que o ONS vai propor a manutenção do alto nível de intercâmbio de energia para o Nordeste, ou até elevar um pouco mais. A ideia é reduzir a geração hidrelétrica na região para evitar que o nível dos reservatórios reduza ainda mais. "Mas essa é uma decisão que vai ser tomada pelo CMSE. Vamos propor isso", explicou o executivo, acrescentando que a situação das outras regiões do País é confortável neste momento. Hoje, o intercâmbio de energia para a Região Nordeste é de 3 mil MW médios.Sob controle. Apesar do baixo nível dos reservatórios do Nordeste, Chipp descartou que isso represente um risco de um novo apagão para o País. Além de contar com as térmicas, o diretor-geral do ONS disse que as chuvas já estão ocorrendo, inclusive no Nordeste. "Já está chovendo na cabeceira do Rio São Francisco", afirmou Chipp. É na Bacia do Rio São Francisco que estão localizadas as principais hidrelétricas da região, operadas pela estatal federal Chesf. Adicionalmente, Chipp também comentou que já está chovendo no Tocantins e também no subsistema Sudeste/Centro-Oeste. As chuvas dos últimos cinco dias elevaram o chamado nível de afluências (volume de água que efetivamente ingressou nos reservatórios das usinas), superando a média histórica para o período. "Para se ter uma ideia, as afluências das Regiões Sudeste/Centro-Oeste passaram de 60% a 70% para 115% e 120%, nos últimos cinco dias. Em alguns lugares, já chega a 130%", comentou o executivo.Ajuste. A melhora na situação hidrológica vai levar a uma redução no nível dos despachos das termelétricas, hoje em torno de 13,1 mil MW médios. "No Programa Mensal de Operação (PMO) de dezembro, deve reduzir um pouco", afirmou Chipp. Mas o executivo ressaltou que essa queda não será acentuada em função da nova metodologia de cálculo de preço da energia no curto prazo (PLD), que elevou de forma estrutural o chamado custo marginal de operação (CMO) do sistema."Aquela festa de um CMO a R$ 15/MWh ou a R$ 18/MWh acabou", afirmou Chipp. A nova metodologia de cálculo do PLD passou a incorporar o custo do despacho das térmicas, o que aumentou de forma estrutural o seu valor.Com isso, Chipp explicou que o despacho térmico tende a ser mais constante ao longo do tempo e a um custo menor para os consumidores, uma vez que é muito pouco provável que as térmicas a óleo combustível e diesel, mais caras, sejam acionadas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.