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Resgate de títulos da moratória chega a US$ 10,2 bi

Levando-se em conta os juros que seriam pagos até o final do vencimento desses papéis (US$ 4,5 bilhões) a redução no serviço da dívida pública externa já chega a US$ 14,7 bilhões

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário-adjunto do Tesouro Nacional, José Antonio Gragnani, informou hoje que, com o resgate de bradies realizado hoje pelo governo brasileiro, o programa de recompra antecipada de títulos com vencimento até 2010 já totalizou US$ 10,2 bilhões. Bradies são títulos da dívida externa que ainda restam no mercado internacional com a marca da moratória brasileira da década de 80. Do total de títulos recomprados, cerca de US$ 3,7 bilhões foram comprados pelo Banco Central no mercado. O restante US$ 6,5 bilhões referem-se ao estoque de bradies resgatados hoje. Levando-se em conta os juros que seriam pagos até o final do vencimento desses papéis (US$ 4,5 bilhões) a redução no serviço da dívida pública externa já chega a US$ 14,7 bilhões. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a operação é um fato para ser comemorado, pois "tira uma mancha do currículo do Brasil". Segundo ele, o Brasil se encontra hoje em outro estágio de desenvolvimento e em outro patamar de solidez das contas externa e interna e isso pode ser comprovado na prática. Segundo o ministro, no momento em que acontece a alta do petróleo, por conta dos conflitos com o Irã e uma elevação dos títulos americanos (ele citou especificamente os de 10 anos, que estão acima de 5%), o que acontece no Brasil é uma redução dos juros de longo prazo, bons resultados na Bolsa de Valores e o risco Brasil - taxa que mede a desconfiança do investidor estrangeiro em relação à capacidade de pagamento da dívida do País - estacionado ou em queda. Para o ministro isso é uma demonstração de que apesar da turbulência leve, as coisas no Brasil continuam melhorando. Mantega afirmou ainda que a recompra dos bradies é um passo importante na direção da normalidade da dívida externa brasileira que, segundo ele, nunca esteve tão confortável. "Temos total solidez e solvência nas contas externas. Uma situação que há muito tempo não acontecia". Segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central, Rodrigo Azevedo, o programa de recompra continua. "Todos os dias estamos acompanhando as condições de mercado". O programa prevê uma recompra total de US$ 20 bilhões. A operação Emitidos no processo de reestruturação da dívida externa acertado com os bancos credores em 1994, os bradies tinham vencimentos até 2024. Com a operação, o governo faz uma limpeza na dívida e abre caminho para o Brasil receber das agências de classificação de risco o chamado "grau de investimento" - o que permitirá ao País receber financiamentos mais baratos. Os bradies são assim chamados porque foram emitidos num processo de negociação da dívida inspirado pelo secretário do Tesouro dos Estados Unido na época, Nichoas Brady. Os papéis têm uma cláusula que permite ao Tesouro Nacional a recompra antecipada nas datas de pagamento de juros a cada ano, em 15 de abril e 15 de outubro, por 100% do valor de face. Como o dia 15 caiu no sábado e o feriado da Páscoa continuou em vários países do mundo na segunda-feira, a operação foi concluída somente nesta terça. O anúncio da recompra foi feito em fevereiro passado. Na data do anúncio e nos dias seguintes, o risco Brasil despencou para os níveis mais baixos da história.

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