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Resseguradora IRB estuda abrir capital em outubro

Companhia quer aproveitar uma janela de oportunidade após a esperada concretização do impeachment de Dilma Rousseff

Foto do author Fernanda Guimarães
Foto do author Aline Bronzati
Por Fernanda Guimarães e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:
A abertura de capital do IRB voltou à mesa com a indicação de Tarcísio Godoy, ex-secretário do Ministério da Fazenda, para a presidência da companhia Foto:

Grande aposta para a reestreia de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa brasileira, a resseguradora IRB Brasil Re já bateu o martelo e pretende, ao menos, testar o apetite do mercado em outubro, segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. É esperada, de acordo com executivos, a abertura de uma janela de oportunidade de emissões na esteira do fim das férias do Hemisfério Norte e a projetada concretização do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O último IPO na bolsa brasileira foi o da Par Corretora e ocorreu há pouco mais de um ano.

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A abertura de capital do IRB, deixada de lado por conta da deterioração das condições de mercado, voltou à mesa com a indicação de Tarcísio Godoy, ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, para a presidência da companhia, no início do mês. Desde que assumiu o comando do ressegurador, há cerca de 30 dias, promoveu reuniões com os bancos de investimento que coordenam a operação.

Para a próxima janela, o IRB precisará atualizar os dados de seu último arquivamento feito na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ano passado, agora com os dados do segundo trimestre de 2016, que devem ser fechados no dia 20 de julho, explica uma fonte. Depois disso, os bancos e a empresa devem começar a analisar o apetite do mercado para a oferta, procedimento de pré-marketing do IPO da companhia, chamado de "pilot fishing", afirma a mesma fonte.

Durante esse período, fontes atentam para a possibilidade de o IRB poder buscar ainda um investidor para ancorar sua abertura de capital, o que aumenta as chances do sucesso da oferta. Se esse processo for positivo, o caminho será atualizar, até meados de agosto, os dados arquivados na CVM, para que o IPO possa ser realizado em outubro.

Por outro lado, pode pesar contra esse planejamento o preço da ação no âmbito da oferta, o chamado valuation. No ano passado, na sua primeira tentativa de tirar o IPO do papel, o IRB esperava levantar R$ 3,5 bilhões na bolsa brasileira, com a venda de 40% de seu capital, em uma emissão secundária. Naquela ocasião, ainda segundo fontes, o governo federal esperava reduzir sua participação de 27,56% para cerca de 10%. Os sócios privados também consideravam diminuir suas fatias na época.

A União é sócia majoritária do IRB. Ao lado do governo, fazem parte da composição acionária da empresa a BB Seguros Participações, a Bradesco Auto Re Companhia de Seguros, a Itaú Seguros, a Itaú Vida e Previdência e o Fundo de Investimento em Participações Caixa Barcelona.

Caixa Seguridade. Já a oferta da Caixa Seguridade, ainda segundo fontes, deve ficar para a próxima janela, que pode se abrir em dezembro. A companhia, que reúne as participações da Caixa Econômica Federal em seguros e previdência, precisa resolver pendências, incluindo a negociação com os sócios franceses para a renovação antecipada do contrato com a Caixa Seguros, uma das empresas do grupo.

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Além disso, pode atrasar a abertura de capital da Caixa Seguridade a troca de presidente após vir a tona o envolvimento de Josemir Mangueira Assis, até então no comando da companhia, na Operação Custo Brasil, deflagrada na última quinta-feira (23) pela Polícia Federal. Ele e sua mulher, Ana Lúcia Amorim de Brito, foram alvo de condução coercitiva em ação que investiga propinas na gestão do ex-ministro Paulo Bernardo, de mais de R$ 100 milhões, entre 2010 e 2015, em contratos no Ministério do Planejamento. Assis foi substituído por Raphael Rezende Neto, que já foi vice-presidente de Controle e Risco na Caixa Econômica Federal.

"O caso envolvendo o ex-presidente coloca uma pequena pedra no IPO, mas não vai impedir a abertura de capital da empresa, que não tem nada a ver (com a operação Custo Brasil)", diz uma fonte.

A Caixa, porém, segue com a expectativa de fazer o IPO do seu braço de seguros e previdência este ano, já que é parte das ações para reforçar sua base de capital. De acordo com fonte, a Caixa Seguridade estaria sendo avaliada entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões. Sua intenção é ofertar uma fatia de cerca de 30% da companhia no IPO, movimentando de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões, inspirados na oferta da BB Seguridade.

Outra pedra no caminho que a companhia precisa resolver antes do seu IPO é a venda da fatia do BTG Pactual na Pan Seguros para a CNP Assurances. O banco público optou por exercer o tag along, que garante a acionistas minoritários o direito de deixarem a sociedade caso o controle da empresa seja adquirido por um investidor que, até então, não estava na sociedade.

Procurados, IRB e Caixa Seguridade não comentaram.