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Ressurge esperança de acordo na Rodada de Doha da OMC

Por JONATHAN LYNN E DOUG PALMER
Atualização:

Os participantes da reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio comemoraram na sexta-feira a perspectiva de um acordo diante das propostas conciliatórias para destravar a Rodada de Doha do comércio global. Mas eles acrescentaram que ainda restam muitos detalhes a serem trabalhados. "O que está sobre a mesa não está perfeito, não está bonito, mas finalmente foi estruturado o que poderá ser um impulso genuíno para a economia mundial e particularmente bom para os países em desenvolvimento", disse o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson. Ele disse haver "um acordo emergente, mas não um acordo fechado." O ministro indiano do Comércio, Kamal Nath, foi mais cauteloso. "Há certas áreas de preocupação e certas áreas de consenso", disse ele, que nesta semana foi acusado por outros participantes de ser o principal responsável pelo impasse, devido à suposta resistência a concessões. Igualmente cuidadosa foi a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, que anunciou um acordo preliminar, mas alertou que "um punhado de países emergentes realmente ameaçam esta rodada para o resto de nós." A proposta de acordo surgiu ao final de cinco horas de reunião dos sete principais participantes do encontro ministerial, e em seguida foi revisado pelos 35 ministros que foram convocados nesta semana a Genebra pela OMC para um encontro que está sendo considerado "a última chance" da Rodada de Doha, antes que o processo seja atropelado pelo calendário eleitoral norte-americano. Nessa nova versão, os países em desenvolvimento conseguiram tirar mais uma lasca dos subsídios agrícolas dos EUA --consta o teto anual de 14,5 bilhões de dólares, contra os 15 bilhões que Washington havia oferecido no começo da semana. Mas também há mudanças nos itens relativos à proteção que os países em desenvolvimento podem oferecer a determinados setores industriais e agrícolas, outra importante controvérsia nas discussões. "Todos têm preocupações, cada membro tem preocupações, (mas) nenhuma delegação disse que este documento deveria ser rejeitado", afirmou Keith Rockwell, porta-voz da OMC. Postura destoante no final do dia foi da Argentina. O ministro de Relações Exteriores do país, Jorge Taiana, afirmou que o documento conciliatório "não era aceitável em sua forma corrente". Na manhã de sexta-feira, as posições de países ricos e em desenvolvimento pareciam inconciliáveis. Mas mesmo pela nova proposta não há nada garantido, pois há uma série de disputas paralelas, como um conflito entre países pobres e a UE a respeito do comércio de bananas. Porém, num sinal adicional de otimismo, a OMC convocou finalmente para a tarde de sábado a "conferência de sinalização" sobre o setor de serviços, que vinha sendo adiada por causa do impasse nas outras áreas. Esse setor --que inclui atividades como bancos e telecomunicações-- representa 50 a 80 por cento das economias da OMC, mas ocupam uma fatia relativamente pequena no comércio.

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